Dubai – A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, terminou nesta quarta-feira (13) com a declaração final a favor de uma “transição” energética que permita abandonar progressivamente o uso dos combustíveis fósseis. Essa transição deve ser acelerada “nesta década crucial”, afirma o texto final da conferência climática. O objetivo é chegar a 2050 com um balanço “neutro” de emissões de gases do efeito estufa, como estipula o Acordo de Paris de 2015. Do texto da COP28 foi excluída, contudo, a proposta de eliminar o uso de combustíveis fósseis.
“Estabelecemos as bases para alcançar uma mudança transformadora histórica”, afirmou o presidente da conferência, o emirati Sultan Ahmed Al Jaber (na imagem acima), em meio a aplausos dos participantes do evento. Os países precisaram negociar por um dia a mais que o previsto para o encerramento oficial da COP28 para concretizar o acordo.
Oito anos após o Acordo de Paris, a comunidade internacional afirma que uma preparação é necessária para abandonar as fontes de energia que permitiram o maior crescimento econômico da história.
Motivos para otimismo
“A era dos combustíveis fósseis deve acabar – e deve acabar com justiça e equidade”, destacou o secretário-geral da ONU, António Guterres. Duramente negociado, o texto pede às partes que contribuam com uma lista de ações climáticas, “de acordo com as circunstâncias nacionais”. O documento propõe “triplicar a capacidade energética renovável” e “dobrar a eficiência energética média” até 2030. A transição energética deverá ser “justa, ordenada e equitativa”.
Quase 80% das emissões de gases do efeito estufa são provocadas pelo petróleo, gás e carvão. Mas estes combustíveis também representam quase 80% da energia que o planeta consome diariamente. A meta é 2050, mas os termos utilizados em inglês, “transition away”, não deixam claro se até esta data, fundamental no calendário da batalha climática, os países devem ter abandonado completamente a dependência das fontes de energia fósseis.
O que a comunidade internacional reitera é que, até meados do século, o planeta deve equilibrar o CO2 que envia para a atmosfera com o que retém (“neutralidade de carbono”).
Vozes divergentes
O ambiente no centro de convenções de Dubai era de cansaço e satisfação ao final da conferência, mas as vozes divergentes também marcaram presença.
“É fundamental que os países desenvolvidos tomem a dianteira na transição rumo ao fim dos combustíveis fósseis e assegurem os meios necessários para os países em desenvolvimento”, declarou a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, em um apelo que recebeu o apoio da China.
O texto representa um “passo adiante, mas não oferece o equilíbrio necessário para reforçar a ação mundial”, reagiu a Aliança dos Pequenos Estados Insulares, ameaçados pelo aumento do nível dos oceanos.
A COP28, que contou com mais de 80 mil delegados em seus 13 dias de evento, começou com boas notícias em 30 de novembro. Na ocasião, os países aprovaram, após apenas um ano de negociações, um fundo de perdas e danos para os países mais afetados pela mudança climática.
Apesar de todas as promessas, o mundo aumenta as emissões de gases do efeito estufa. Os cientistas alertam que, até 2030, os compromissos de redução propostos em Dubai representarão apenas um terço do sacrifício necessário. O planeta vive em 2023 o ano mais quente desde o início dos registros das temperaturas, segundo os pesquisadores.
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