Isaura Daniel
São Paulo – A nova tradução do Alcorão para o português, que vai chegar ao público após o seu lançamento, hoje, em Brasília, deve ampliar o conhecimento da cultura islâmica por parte dos brasileiros. Dados da Federação Islâmica Brasileira indicam que há cerca de 1,5 milhão de muçulmanos no Brasil. Mesmo assim, grande parte dos brasileiros não conhece com profundidade a religião do profeta Muhammad.
"Essa tradução não é voltada apenas para a comunidade muçulmana, mas para todo o povo brasileiro, independentemente de religião ou de origem. Ela vai permitir que se entenda melhor a religião islâmica e que haja um aumento da compreensão geral entre os povos", diz o ex-presidente e atual tesoureiro da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Paulo Sérgio Atallah.
De opinião semelhante compartilha o diretor-executivo da Federação das Associações Muçulmanas no Brasil, Mohamed Hussein El Zoghbi. "Vai servir para que as pessoas entendam melhor o islamismo. É uma obra acessível para ler e entender", diz. Zoghbi acredita que o fato de a tradução ser distribuída gratuitamente vai facilitar o acesso por parte dos brasileiros.
O autor da tradução, o professor Helmi Mohammed Ibraim Nasr, é vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara de Comércio Árabe Brasileira. "A Câmara Árabe se sente honrada de ter entre seus vice-presidentes uma pessoa do gabarito do professor Nasr", diz o presidente da Câmara Árabe, Antonio Sarkis Jr. "O professor tem todos os predicados para a tradução", diz Paulo Sérgio Atallah.
O conselheiro encarregado de Negócios da Embaixada da Arábia Saudita em Brasília, Abdullah Alowaifeer, acredita que essa versão também servirá como um meio de difusão do islamismo no Brasil. "A tradução proporciona também aos brasileiros não muçulmanos a oportunidade de conhecer esta divina religião", afirma.
O presidente do Centro Cultural Árabe Sírio, Mohamad Alkaddah, ressalta a importância que a versão terá em meio à comunidade árabe. "A tradução do Alcorão para o idioma português é um ato benéfico e útil para todos os membros da coletividade árabe, seja ela islâmica ou cristã, já que possibilita a qualquer interessado conhecer o conteúdo dos textos corânicos em nova língua", diz Alkaddah.
"Ficamos contentes de haver uma versão mais recente e de ser a versão de um muçulmano", diz o xeque Jihad Hassan Hammadeh, vice-presidente da Assembléia Mundial da Juventude Islâmica, referindo-se ao fato de o tradutor, Nasr, ser islâmico. Das outras versões do Alcorão em português que circulam pelo Brasil, apenas uma foi feita por um muçulmano. Mas diferentemente da tradução de Nasr, ela não foi impressa no Complexo Rei Fahd.
Há muitos descendentes de imigrantes árabes que não falam o idioma árabe e que poderão utilizar a versão oficial em português. "A maioria da comunidade islâmica do Brasil é formada por descendentes de árabes que não têm domínio suficiente da língua árabe, a língua original do Alcorão Sagrado. Por isso a tradução do Alcorão Sagrado para a língua portuguesa é uma necessidade que se impõe para que esta comunidade conheça os ensinamentos do Alcorão Sagrado e os princípios de sua religião", diz Alowaifeer.
O presidente do Centro Cultural Árabe Sírio acredita que ela também poderá contribuir para a mudança de opinião dos que têm uma imagem errada do islamismo. "Esta tradução contribuirá para que a imagem do árabe seja verdadeiramente exposta através dos textos de amor, de tolerância, de paz, de justiça, de liberdade, de igualdade e de respeito às outras religiões, fazendo com que a conotação entre árabes e terrorismo seja banida", diz Alkaddah.
A Câmara Árabe é uma das organizadoras, ao lado da embaixada da Arábia Saudita em Brasília, do evento de lançamento da tradução. "A Câmara Árabe apóia todo tipo de iniciativa que possa aproximar árabes e brasileiros", diz Sarkis.