São Paulo – O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta sexta-feira (11) um estudo em que alerta que os países árabes que passam ou passaram por transições políticas têm no longo prazo o desafio de equilibrar sua economia para atender aos desejos das populações que levaram às manifestações e conflitos. Entre essas demandas populares, o estudo “Rumo a novos horizontes – Transformação econômica árabe em meio a tensões políticas” cita a necessidade de ter mais participação nas decisões políticas e um ambiente de negócios que gere oportunidades de trabalho.
O estudo avalia as condições econômicas de Egito, Tunísia, Líbia e Iêmen, entre os países que tiveram troca de governo na Primavera Árabe, e Jordânia e Marrocos entre aqueles que se “engajaram em transformações sob os regimes existentes”. Em todos os países avaliados, por exemplo, os gastos com transferência de recursos, salários e subsídios cresceram nos anos de transição política, entre 2010 e 2013. Por outro lado, o equilíbrio fiscal se deteriorou.
Embora a situação econômica dos países avaliados seja delicada, o documento observa que a inflação neles, com exceção de Iêmen e Egito, é menor do que a média da inflação dos países emergentes. A mesma comparação mostra que há espaço para aumentar os impostos sobre pessoa física, que é mais baixa do que nas nações em desenvolvimento, exceto no Marrocos.
Uma das principais soluções econômicas apontadas pelo Fundo no curto prazo é a adoção de medidas que permitam a criação de empregos. “Experiências de outros países sugerem que bem desenhados projetos de infraestrutura podem criar empregos e preparar uma melhor estrutura para a atividade do setor privado”, observa o estudo.
No médio prazo, os países precisam administrar seus déficits fiscais e aumentos de gastos e evitar que o crescimento das suas dívidas fique insustentável. A principal recomendação a todos os países é para que façam gradualmente a transição dos investimentos estatais para o setor privado, pois são as empresas particulares, na avaliação do documento, que têm a capacidade de gerar empregos e movimentar a economia.
O FMI afirma que os países em transição têm condições de crescer e ampliar o acesso da sua população a empregos e serviços de qualidade. No entanto, afirma que muitas medidas precisam ser adotadas, entre elas reduzir a pobreza, reformar o setor energético, adotar estratégias de comunicação que indiquem à população e à comunidade empresarial as ações implantadas, seus custos e benefícios, ampliar os gastos com assistência social e despolitizar a política de preços e inflação.
“A menos que grandes reformas econômicas e financeiras sejam implantadas, uma recuperação gradual não será suficiente para trazer uma redução significativa nas altas taxas de desemprego na região nos próximos anos, particularmente entre mulheres e jovens”, afirma no documento o diretor do Fundo Monetário Internacional para o Oriente Médio e o Norte da África, Masood Ahmed.


