Alexandre Rocha
São Paulo – A Tunísia quer sediar a próxima edição da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), em 2008. O convite foi feito ontem (17) pelo secretário de estado do Ministério do Comércio do país árabe, Slaheddine Makhlouf, em seu discurso nos debates gerais da 11ª Unctad em São Paulo.
"A Tunísia participou de todas as reuniões da Unctad até hoje e deseja oferecer sua hospitalidade em 2008", disse ele. "A próxima edição da Unctad será realizada na África, por isso apresentamos nossa candidatura", explicou o embaixador da Tunísia em Brasília, Hassine Bouzid.
O país do norte da África já vai sediar um importante evento da Organização das Nações Unidas (ONU) em novembro do próximo ano, a segunda parte da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação. A primeira parte foi realizada em Genebra, na Suíça, em dezembro do ano passado.
Sobre os temas da conferência atual, Makhlouf disse que apesar do crescimento da economia mundial durante os 40 anos de existência da Unctad, que contribuiu para a melhoria das condições de vida de uma parcela da população, parte do mundo foi excluída desse processo, a pobreza e a fome perduram e o "fosso" que separa os ricos dos pobres aumentou.
Comércio mais justo
No espírito da reunião, ele pregou negociações comerciais internacionais mais justas e o apoio dos países ricos aos países em desenvolvimento. "Os investimentos estrangeiros são uma maneira de aumentar a competitividade desses países", afirmou o secretário.
Makhlouf ressaltou também que o governo de seu país está feliz em ver a retomada das negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), após a paralisação ocorrida na reunião de Cancún, no México, no ano passado, por causa do impasse surgido entre países ricos e em desenvolvimento na questão do protecionismo agrícola. A Tunísia é membro da OMC desde sua criação em 1994.
Makhlouf ressaltou também os esforços do governo da Tunísia para reduzir a pobreza. Segundo ele, após a criação de um fundo de solidariedade em 1993, o percentual da população que vive abaixo da linha de pobreza caiu para 4,2%.
Nesse sentido, o embaixador Bouzid acrescentou que, em 2001, o presidente tunisiano, Zine Abidine Ben Ali, sugeriu à ONU a criação de um fundo mundial de solidariedade, que foi acatada pela Assembléia Geral da organização.
Perfil
A Tunísia está localizada no norte da África, entre a Líbia e a Argélia, com saída para o Mar Mediterrâneo. Sua principais indústrias são a têxtil e a alimentícia, além do turismo.
O país tem um território de 163.610 quilômetros quadrados, uma população de 9,8 milhões de pessoas e registrou, no ano passado, um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 24,8 bilhões.
O comércio entre o Brasil e a Tunísia cresceu bastante do ano passado para cá. No período de janeiro a abril de 2004 as exportações brasileiras para o país africano somaram US$ 37,3 milhões, com um aumento de 301,93% em relação ao mesmo período de 2003. Os principais itens da pauta foram trigo, açúcar, tratores rodoviários, café, laminados de ferro e aço e máquinas agrícolas.
As importações brasileiras, por sua vez, cresceram 300,35% no período e chegaram a US$ 11,3 milhões. A pauta é formada principalmente de matérias primas para a produção de fertilizantes.

