Alexandre Rocha
São Paulo – O embaixador da Tunísia no Brasil, Hassine Bouzid, disse nesta terça-feira (28) em entrevista à ANBA que existem oportunidades de investimentos para empresários brasileiros no país do Norte da África.
“Estamos examinando junto com a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB) e com as federações das indústrias de estados como São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul e Paraná para ver se realizamos projetos de investimentos em setores importantes como os de calçados, couro e de móveis. Existem muitas possibilidades. Estamos muito otimistas em relação ao aumento da cooperação entre os dois países”, disse Bouzid, que acompanhou o secretário-geral da Reunião Constitucional Democrática (RCD), Ali Chaouch, ao XXII Congresso da Internacional Socialista em São Paulo.
De acordo com Chaouch, a Tunísia tem um acordo de livre comércio com a União Européia (UE) para produtos industrializados produzidos no país. Segundo Bouzid, isso permite que empresas brasileiras instalem fábricas em solo tunisiano para “reexportar” para a Europa gozando de vantagens tarifárias que o Brasil não tem.
Chaouch acrescentou que mais de duas mil empresas estrangeiras atuam na Tunísia e o governo local concede “cotas de impostos favoráveis” para indústrias interessadas em se instalar por lá. “Além disso, nós temos uma infra-estrutura moderna, um moderno sistema de telecomunicações, uma mão-de-obra bem formada e proximidade com a Europa”, acrescentou o secretário-geral da RCD.
Corrente comercial
Além disso, Bouzid afirmou que tanto o Brasil, quanto a Tunísia, podem diversificar mais sua pauta de intercâmbio comercial. A corrente comercial entre os dois países ainda é pequena. No ano passado, as exportações e importações somaram US$ 104,7 milhões.
Entre janeiro e setembro deste ano, o Brasil exportou US$ 34,7 milhões, sendo que os principais produtos embarcados foram açúcar, tratores, óleo de soja, milho, chassis de veículos de transporte e café, ao passo que importou US$ 21,4 milhões, principalmente em fertilizantes.
O embaixador ressaltou, porém, que o Brasil pode investir mais na exportação de equipamentos e produtos industrializados em geral. O mesmo pode ser feito por parte do país árabe, segundo ele. “A Tunísia é diferente de outros países árabes que têm o petróleo como principal item da pauta, 80% das nossas exportações são de produtos industrializados”, afirmou.
Entre esses produtos, de acordo com o embaixador, estão autopeças, peças para a indústria eletroeletrônica (circuitos) e manufaturados têxteis. “Nosso país exporta US$ 450 milhões em autopeças e cabos elétricos para a Europa. Somos o 4.º exportador de produtos têxteis para o continente europeu e o primeiro em exportação de calças para lá”, afirmou.
Chaouch disse que o comércio entre os dois países teve um “aumento sensível” nos últimos anos, mas “certamente é possível fazer muito mais”. “O Brasil produz muitas coisas, mercadorias agrícolas e industrializadas e a Tunísia também tem um nível avançado de industrialização, que representa mais de 25% de seu Produto Interno Bruto (PIB)”, declarou.
Ele acrescentou que existem “similaridades” entre as duas nações e “possibilidades” de incremento nos negócios. “Temos relações políticas excelentes. Agora os empresários brasileiros e tunisianos têm de exercer seu papel, se conhecerem melhor e, eventualmente, fazerem projetos juntos”, concluiu.
Veja abaixo o perfil da Tunísia*
Nome oficial: República da Tunísia
Capital: Tunis
Chefe de estado: presidente Zine Abidine Ben Ali
Moeda: Dinar Tunisiano (TND)
População: 9,8 milhões
Área: 163.619 km2
Idiomas: árabe e francês
PIB: US$ 21,1 bilhões
Intercâmbio comercial com o Brasil entre janeiro e setembro de 2003:**
Exportações brasileiras: US$ 34,7 milhões
Importações: 21,4 milhões
* Dados de 2002, fonte CCAB
** Fonte: Secretaria de Comércio Exterior (Secex)