São Paulo – A torcida pela Tunísia foi animada no Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, na manhã deste sábado (23). Quarenta adolescentes atendidos pelo Lar Sírio Pró-Infância foram convidados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira para assistir à partida contra a Bélgica no local, com café da manhã e telão. Apesar do resultado de 5 a 2 a favor do time europeu, os adolescentes disseram ter gostado da experiência, vibrando com os gols tunisianos e torcendo até o fim.
Giovanna Clemente Ferreira, de 13 anos, frequenta o lar há dois anos. Vinicius Kenji Ferreira, de 14 anos, é atendido pelo lar há 6 anos. Ambos têm culinária e percussão como suas aulas favoritas. “Já aprendemos a fazer receitas árabes, é muito legal”, disse Giovanna. Os dois já conheciam o Museu do Futebol e estavam felizes por participar do evento.
O Lar Sírio é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que começou suas atividades como um abrigo, há 95 anos. Hoje, eles atendem crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, desde a creche até os 21 anos, e oferecem atividades extracurriculares, como aulas de dança, música, culinária, artes e esportes.
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“É importante esse tipo de ação agregando o esporte e a cultura árabe, foi muito bacana essa oportunidade que a Câmara Árabe ofereceu para a gente”, disse William Adib Dib Jr., presidente do Lar Sírio e diretor jurídico da Câmara Árabe. O presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun, completou dizendo que a integração que o esporte traz é muito importante, aproxima as pessoas das culturas, e nesse caso, da cultura árabe. Depois do fim da partida, os adolescentes fizeram um tour pelo Museu do Futebol.
Além do Lar Sírio, três tunisianos estiveram presentes no museu do Futebol para assistir à partida. Slim Fsili está no Brasil há mais de 11 anos e disse que sempre foi um sonho vir morar no País. Na Tunísia, ele trabalhava com turismo e marketing olfativo, e aqui abriu uma agência de viagens especializada em seu país de origem e em todo o continente africano, a Gold Experiences.
Já Mustpha e Hana Zitouni, pai e filha tunisianos, chegaram aqui há apenas cinco meses e ainda não falam português. Com a ajuda do egípcio Ramy Mustafa, executivo de relações árabes da Câmara Árabe, a reportagem da ANBA conseguiu conversar um pouco com a família.
Mustpha tem 64 anos, e a filha, de 26, veio com os quatro filhos pequenos, de seis anos, três anos, um ano e meio e três meses. Ela é casada com um sírio que mora na Arábia Saudita e está aguardando o visto para vir para São Paulo reencontrar a família. “A vida na Tunísia está muito difícil e aqui o sistema funciona melhor, estamos gostando do país, principalmente da liberdade e igualdade”, contou Mustpha. A família disse ter morado por 22 anos na Arábia Saudita antes de vir para o Brasil.
Após contar sua história, perguntei sobre o jogo da Tunísia. Mustpha abriu um sorriso e disse que já estava contente por a Tunísia ter participado da Copa, e que apesar da derrota, o time foi bem, mas que a Bélgica foi melhor.
A seleção da Tunísia jogou contra a Bélgica na segunda rodada da Copa do Mundo Rússia 2018. O time teve uma participação ativa, mas acabou perdendo por 5 a 2 na partida do Grupo G. Os gols da Tunísia foram de Dylan Bronn e Wahbi Khazri. O país árabe do Norte da África está em último lugar em seu grupo, mas ainda tem chances de passar para a próxima fase do mundial. Na terceira rodada, o time enfrenta o Panamá, na quinta-feira (28), às 15 horas.