São Paulo – A Tunísia quer ampliar seus laços comerciais com o Brasil, mas, mais do que isso, o país árabe quer a cooperação dos brasileiros para resolver a questão do desemprego entre os jovens em seu mercado de trabalho. A ideia é levar a experiência do Brasil com startups e ensino técnico à nação do Norte da África.
Os temas foram discutidos nesta quarta-feira (24) durante o Fórum Econômico Brasil-Tunísia, organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela embaixada da Tunísia em Brasília, com apoio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira. Uma delegação de empresários e representantes do governo da Tunísia está no País, liderada por Khemaies Jhinaoui, ministro das Relações Exteriores.
“Temos 260 mil jovens desempregados na Tunísia que poderiam criar startups. Em vez de buscar empregos no setor público, poderiam criar empregos para outros jovens. É preciso dar qualificação profissional a estes jovens desempregados. Queremos ver o Brasil fazer parte do esforço de reestruturação tunisiano”, afirmou Jhinaoui.
Ainda no âmbito de cooperação contra o desemprego, Roberto Monteiro Spada, diretor de Relações Externas do Serviço Nacional da Indústria (Senai) de São Paulo, apresentou o sistema de ensino técnico oferecido por sua instituição, além das ações de cooperação internacional promovidas por ela. Segundo Spada, é possível ajudar a Tunísia a implementar um sistema similar para os jovens daquele país.
No evento, Jhinaoui destacou que há importantes oportunidades de aumento do comércio entre as duas nações e falou sobre a realização de uma missão de empresários brasileiros a seu país. “Nossas relações permanecem modestas. Esperamos receber em Túnis uma delegação empresarial brasileira com quem também falaremos de investimentos”, apontou.
Orlando Ribeiro, diretor do departamento de Promoção Comercial do Itamaraty, lembrou que, em 2016, a corrente comercial brasileira com a Tunísia somou US$ 245 milhões, sendo US$ 197 milhões de vendas do Brasil aos tunisianos e US$ 48 milhões de compras brasileiras da Tunísia.
Segundo ele, há uma grande lista de produtos que o Brasil exporta e que podem ser de interesse da Tunísia. “De aviões a cereais, passando por plásticos e calçados”, apontou. Para o diplomata, a Tunísia também pode ampliar a lista de produtos que exporta ao Brasil. Hoje, os principais produtos comprados do país árabe são fluoretos de alumínio, partes de aparelhos difusores de radiodifusão e azeite de oliva.
Rubens Hannun, presidente da Câmara Árabe, falou sobre o trabalho da entidade para promover o comércio da Tunísia não somente com o Brasil, mas também com outras nações da América do Sul.
“Estamos vendo como é possível agilizar o acordo [de livre comércio] Tunísia-Mercosul. Estamos também fechando a estruturação das câmaras árabes-sul-americanas que, sob a liderança brasileira, poderá tratar do acordo entre Tunísia e o Mercosul”, afirmou.
Também participaram do evento Mohamed Soltani, embaixador da Tunísia em Brasília; Thomas Zanotto, diretor do departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp; Marcia Maro, embaixadora do Brasil na Tunísia; Aziza Hetira, presidente do Centro de Promoção de Exportações da Tunísia (Cepex); Mounir Romdhani, chefe de gabinete do ministro de Desenvolvimento da Cooperação Internacional da Tunísia; e Rami Jebali, representante do ministério do Turismo da Tunísia.
Na agenda da delegação tunisiana no Brasil também estão uma reunião do Conselho Empresarial Brasil-Tunísia ainda nesta quarta-feira, e Jhinaoui terá encontros em Brasília na quinta e na sexta-feira.