São Paulo – Com um mercado global de turismo amigável ao muçulmano de US$ 217 bilhões em 2023, e crescimento estimado de 77% (para US$ 384 bilhões) em 2028, o mundo e o Brasil buscam se estruturar para receber cada vez mais esse visitante. O turismo halal foi o tema do primeiro painel desta terça-feira (28) no Global Halal Brazil Business Forum (GHB). Mohamed Sheha, moderador da discussão e diretor comercial da Islamic Chamber for Halal Services (ICHS), lembrou que por trás desses números há algo mais profundo: “Uma nova geração, mais consciente, que quer entender o que está consumindo, que busca experiências significativas, éticas e responsáveis – e é justamente onde o turismo halal verde acontece”.

O primeiro participante a falar, Roberto de Lucena, secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo, destacou que o estado que mais recebe turistas no Brasil (foram 49 milhões de pessoas em 2024) está investindo em infraestrutura e capacitação para o turismo halal, e apresentou um guia feito para esse público. “Temos um grande programa de investimentos, um portfólio com 60 oportunidades em diversas partes do estado, que também busca atender ao turismo halal”, disse. “Mas penso que o grande desafio, hoje, seja a certificação e a capacitação do nosso trade turístico, que vem sendo superado com o apoio da Fambras.”

Alisson Andrade, coordenador de Mercados Internacionais da Embratur, disse que o Brasil reconhece a importância desse mercado e que há, hoje, uma variedade de produtos turísticos que atendem esse público. Lembrou, ainda, que o turismo é um vetor para a sustentabilidade – um dos pilares do halal – e citou o “Plano Brasis”, projeto do governo federal que tem como centro produtos sustentáveis e com a natureza como foco. “Também estamos trabalhando o Brasil como produto nesses países, com feiras e roadshows, e na internacionalização de pequenas e médias empresas, que compõem a maior parte do turismo brasileiro”, anunciou.
Indonésia, Malásia e Jordânia
Não é possível diferenciar halal de sustentável, defendeu Reem El Shafaki, sócia da DinarStandard, empresa de pesquisa com operação em Dubai. Para ela, os conceitos estão interligados, embora muitos destinos ainda os separem. Ela citou Indonésia e Malásia como dois países que já entenderam que as duas coisas caminham juntas e que são o que se chama de “muslim friendly” (amigável ao muçulmano). “Fizemos uma pesquisa na qual descobrimos que a maior parte dos muçulmanos viaja para visitar amigos e familiares, mas, antes, pesquisam se os destinos estão preparados pra recebê-los e se vão ter experiências autênticas”, contou Reem.

Abed Al Razzaq Issam Arabiyat, diretor-geral do Conselho de Turismo da Jordânia, disse que seu país já é um destino halal, o que não impede que eles se atualizem sobre o que está acontecendo no mundo em termos de demanda dos viajantes. “Daí entra a questão da sustentabilidade e da procura cada vez maior por destinos diferenciados. Também precisamos olhar para novos públicos, não só os tradicionais da Arábia Saudita, por exemplo, mas existe uma população crescente de muçulmanos na Europa que está em busca de novas experiências”, disse.
O fórum é promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e a Fambras Halal Certificadora. O GHB tem como patrocinadores MBRF (Marfrig – BRF), MODON (Saudi Authority for Industrial Cities and Technology Zones), Seara, CaraPreta Carnes Nobres, EcoHalal, Emirates, Grupo MHE9, Laila Travel e Prime Company, SGS, com catering da Água Mineral Frescca e Pão & Arte Frozen Bread.
São parceiros estratégicos Islamic Chamber of Commerce and Development (ICCD) e Islamic Chamber Halal Services (ICHS). Também há apoio institucional da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Brazilian Beef, Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Brazilian Chicken, International Halal Academy e União das Câmaras Árabes (UAC).
*Reportagem de Débora Rubin, em colaboração com a ANBA


