São Paulo – No médio e no longo prazos tanto os países da América do Sul quanto os árabes deverão ter aumento no fluxo de turistas e de receitas provenientes do turismo. A previsão é da Organização das Nações Unidas para o Turismo (UNWTO, na sigla em inglês) que, na última quarta-feira (15), divulgou as receitas mundiais do turismo em 2014 atingiram US$ 1,245 trilhão, um aumento de 3,7% sobre 2013. Na América do Sul, elas cresceram 6% e ficaram em US$ 25,9 bilhões. No Oriente Médio, chegaram a US$ 49,2 bilhões, e foram 5,7% superiores a 2013. No Norte da África, as receitas aumentaram 2,4%, para US$ 10,5 bilhões.
O diretor do Programa de Tendências do Mercado de Turismo da UNWTO, John Kester, afirmou à ANBA que as três regiões deverão registrar aumento do número de turistas e de receitas no setor. O Oriente Médio poderá apresentar crescimento maior, embora alguns países da região ainda tenham que ampliar sua estabilidade política e garantir a segurança dos visitantes. É o caso do Líbano, por exemplo. Outros países têm um potencial promissor.
“A Arábia Saudita quer ampliar o turismo, que ainda é muito ligado à peregrinação à Meca e depende da questão dos vistos. O país ainda concentra o grande volume de visitantes que recebe na época do hajj (a peregrinação à Meca). À medida que as pessoas prosperam, aumenta a quantidade de peregrinos, e a Arábia Saudita tem o potencial de receber muçulmanos de países que não são apenas árabes. É o caso dos fiéis da Indonésia, parte da Índia, da Tailândia e Paquistão”, afirmou.
Os Emirados Árabes Unidos, afirmou Kester, têm obtido grande crescimento do fluxo e receitas do turismo nos últimos anos porque souberam aproveitar sua localização geográfica entre Europa e Ásia para se tornar polos de distribuição de voos e passageiros e porque, devido a este fato, criaram companhias aéreas “importantes”. Esse crescimento deverá se manter nos próximos anos. O Oriente Médio também se beneficia do turismo intrarregional, ou seja, entre os países da região.
Desafios sul-americanos
Esse mesmo turismo intrarregional é observado na América do Sul. No entanto, a região tem desafios para obter um crescimento maior do fluxo de visitantes. Um deles é o câmbio, que é muito volátil e desigual.
O Brasil, afirmou Kester, tem grande potencial turístico e desfruta em parte desse potencial principalmente por meio do turismo interno, de brasileiros que viajam pelo País. Para receber mais turistas internacionais, os desafios são maiores.
“O Brasil precisa ampliar suas rotas, aperfeiçoar os aeroportos e a gestão deles. Está construindo novos hotéis e reformando outros, mas ainda precisa se preparar para receber os estrangeiros e solucionar gargalos de infraestrutura. Nesse sentido, a Copa do Mundo no ano passado e as Olimpíadas em 2016 são impulsionadores”, afirmou. Além disso, ele afirmou que o Brasil é destino de viajantes europeus, que não precisam de visto para entrar no País. Já os norte-americanos, que precisam de visto, poderiam visitar o Brasil em maior quantidade sem essa exigência. “Um norte-americano pode escolher visitar um país da América Central sem precisar de visto”, disse.
Além do US$ 1,2 trilhão de receitas turísticas, o transporte de passageiros gerou outros US$ 221 bilhões no mundo no ano passado, o que levou as receitas de exportações do turismo US$ 1,46 trilhão. A quantidade de turistas que pernoitaram no destino cresceu 4,4% e chegou a 1,135 bilhão de viajantes.
Alguns dos motivos que explicam esta expansão, afirmou Kester, foram o fortalecimento do dólar, que se valorizou, e a recuperação de economias ricas, principalmente europeias. Petróleo barato influencia na quantidade de viagens e receitas no setor, mas em 2014 o seu efeito só foi sentido no fim do ano. “Essa relação deverá ficar clara em 2015, com possíveis benefícios aos países importadores, que gastarão menos com energia e poderão realocar as despesas, e um ambiente não tão bom para os exportadores, que deverão ter receitas menores”, disse.