São Paulo – Um vilarejo na região de Bekaa, no Líbano, dá nome ao restaurante e açougue halal Zelleya, no Brás, no centro de São Paulo. O bairro paulistano é conhecido pelo comércio de roupas e tecidos e mantém uma grande comunidade sírio-libanesa.
Foi em Zelleya que nasceu o pai de Ahmed Hussein, que abriu seu açougue há um ano e meio no número 37 da Rua Dr. Pacheco e Silva, na esquina com a Rua Padre Lima. O paranaense filho de libaneses muçulmanos aprendeu o ofício com o pai, que já trabalhava com açougue no país árabe e manteve a ocupação em Foz do Iguaçu, onde Hussein nasceu, passando por outras cidades brasileiras, até se mudar para São Paulo com a família em 2000.
“Chegando em São Paulo, meu pai trabalhou em restaurante e foi conquistando a confiança de clientes, até que em 2002 abriu o primeiro açougue Zelleya, também no Brás, aqui perto”, disse Hussein à ANBA.
O açougueiro de trinta anos aprendeu na família o abate halal, a trabalhar a carne e também a churrasqueira. O abate halal é feito de acordo com os preceitos islâmicos, próprio para o consumo de muçulmanos. Para o restaurante ser halal também não pode servir álcool ou carne de porco.
O banquete
Além de comprar carnes para consumo em casa, é possível escolher o corte que você quer comer no restaurante diretamente na vitrine, tanto para o churrasco como para os demais pratos servidos no local.
Em seis pessoas, comemos kafta, churrasco de carne e frango, esfihas de queijo, zaatar e carne, um sanduíche de carne típico, tomates e cebolas assados na churrasqueira, saladas tabule e fatouch, hommus, pão árabe e batata frita, algumas das opções de almoço no restaurante. A conta deu R$ 205, R$ 41 por pessoa por um verdadeiro banquete halal, com bebidas – água e refrigerante – e coalhada. Um ótimo custo-benefício.
Além de tudo ser fresquinho e feito na hora, há alguns pratos difíceis de encontrar em outros restaurantes, como o araes, um sanduíche de carne moída temperada no pão sírio feito na churrasqueira. É mais leve que uma esfiha e muito saboroso.
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O duas facas é uma espécie de steak tartar feito com alcatra, como o próprio nome descreve, preparado a duas facas. A carne crua é bem picadinha, com cebola, hortelã e pimenta a gosto. Também experimentamos, uma delícia.
O diferencial do Zelleya é a carne fresca, limpa, moída ou fatiada e preparada na hora. Os cortes de carne variam para cada prato. “Para a kafta, pode ser usado o coxão duro, patinho, ou lagarto. A carne do churrasco pode ser picanha, filé mignon, contra-filé ou alcatra, tudo à escolha do cliente”, explicou Hussein.
O açougue não vende carne de frango, mas ele está no cardápio do restaurante. “O frango é só para assar, não vendo nem misturo com a carne no açougue”, contou Hussein. Segundo o açougueiro, o boca a boca é o que fez o restaurante dar certo. “Eu não chamo as pessoas, quem vem aqui acaba gostando e trazendo os amigos, e os amigos dos amigos. Hoje em dia vem árabe, japonês, coreano, chinês, brasileiro, gente de todo tipo”, disse.
O endereço de esquina é modesto e espaçoso, tem azulejos brancos e pouca decoração, mas um quadro com uma frase do Alcorão e uma fotografia do Hajj, a peregrinação a Meca, garantem a tradição árabe-muçulmana.
“O restaurante é novo, nós temos um orçamento, mas a gente quer melhorar as coisas, o atendimento, fazer uma reforma em breve para ter uma decoração mais típica árabe, para as pessoas baterem o olho e perceberem que aqui é um restaurante árabe além do açougue”, declarou Hussein.
O açougue funciona das 08 horas às 18h30. O restaurante oferece esfihas de queijo e zaatar de café da manhã, e o almoço começa às 11h30, com atendimento até as 18h30. É possível fazer pedidos por telefone, dependendo da região de entrega.
A dica do restaurante foi do professor de árabe Mohamad Alsaheb, sírio que vive no Brasil há cinco anos e dá aulas no Centro da Língua Árabe, também no centro de São Paulo. Quando frequentado por árabes, sabe-se que o restaurante é de fato bom. A reportagem foi ao local a convite de Alsaheb com outros sírios, libaneses e uma brasileira. Todos aprovaram.
Ao final da entrevista, a reportagem comentou com Hussein que tinha faltado experimentar o babaganoush, a pasta árabe feita com berinjela e tahine. Ele tinha acabado de preparar e me ofereceu um pote para levar para casa. Não deixe de pedir!
Serviço
Restaurante e Açougue Zelleya
Rua Dr. Pacheco e Silva nº 37, esquina com a rua Padre Lima
Canindé, São Paulo
Funcionamento de terça a domingo, das 8h às 18h30, inclusive feriados
Entregas: (11) 94999-9299
Instagram: @acougue_zelleya