São Paulo – O surfista paraibano Fabio Gouveia percorreu 1.800 quilômetros na costa do Marrocos, no começo deste ano, para desbravar as ondas do país. Gouveia, chamado de mestre pelos surfistas brasileiros, viajou acompanhado de outros quatro profissionais do esporte, Thiago Camarão, Marco Giorgi, Jean da Silva e William Cardoso, e foi de Agadir até Dakhla procurando as maiores ondas. Algumas das melhores ele encontrou em Tan-Tan, no sul. "É uma das regiões menos habitadas", diz Gouveia, explicando que ali ele se deparou com praias quase isoladas, em local pouco procurado por turistas.
“O pessoal é muito hospitaleiro, tanto o pessoal do surf como as pessoas que íamos conhecendo no meio do caminho”, afirma o surfista. Gouveia conta que de Agadir, o grupo se dirigiu até a vila de Taghazout, de onde começou a percorrer a costa. Cada um com seu patrocínio, os surfistas fecharam um serviço chamado surf camp, por meio do qual receberam toda a infraestrutura necessária ao esporte na região, como carros para deslocamento, apartamentos para acomodação e guias especializados.
Essa, na verdade, foi a segunda viagem de Gouveia ao Marrocos. Outra expedição similar, também para surfar, foi feita por ele, na companhia de outros dois surfistas, em janeiro de 2011. A temporada de surf naquela região do Marrocos se estende de outubro a março – quando há ondas possíveis para o esporte – e por isso o mês de janeiro foi o escolhido. Agora, ele tem em sua lista outros pontos da África onde gostaria de deslizar sua prancha, como Mauritânia, que também é um país árabe, Namíbia e Angola.
Gouveia parou de competir em 2009 e desde lá vem fazendo o “free surf”, que são viagens para surfar livremente em diferentes pontos. Antes mesmo, ainda quando participava de campeonatos, porém, ele costumava se deslocar globo afora para pegar onda. Com isso, a lista de viagens que o paraibano fez com sua prancha inclui França, Portugal, Inglaterra, Espanha, Escócia, EUA, Peru, Chile, Panamá, Costa Rica e El Salvador.
O surfista é patrocinado pela Hang Loose, Mormaii, Reef Brasil e Bleat. Ele conta que neste tipo de viagem, cada esportista costuma viajar bancado com seus patrocínios, mas também são feitos roteiros com patrocínio específico. No caso da expedição no Marrocos, a equipe foi acompanhada por profissionais da revista Hard Core, que registrou a aventura. Gouveia interrompeu as competições justamente para poder continuar surfando, mas de outro modo. “Quando você está competindo, fica difícil fazer viagens para relaxar”, afirma. Gouveia, no entanto, participa ocasionalmente em campeonatos para os quais é convidado.
Antes de encerrar a carreira, o paraibano acumulou vários títulos, entre eles o de campeão brasileiro profissional, nos anos de 1998 e 2005, e campeão mundial do World Qualifying Series (WQS) em 1998. Ele ainda foi campeão brasileiro amador em 1987, campeão mundial amador em 1998, em Porto Rico, campeão do Hang Loose Pro Contest, em 1990, no Guarujá, litoral paulista, entre outras vitórias.
Nascido na cidade de Bananeiras, interior paraibano, mas criado em João Pessoa, capital do estado, ele acompanhava desde cedo os movimentos de surfistas e campeonatos na Praia do Bessa. Foi assim que começou a competir e ganhar disputas por lá. Logo passou às demais praias, depois às outras cidades do estado e depois aos demais estados. Em 2002, já vivendo em Pernambuco, ele se mudou para Santa Catarina, onde havia um grande número de competições. Hoje, aos 42 anos, além de se dedicar ao free surf (ele realiza cerca de quatro viagens ao ano), Gouveia também fabrica pranchas manualmente e acompanha um dos seus filhos, que compete em campeonatos de surf.

