Beirute – Depois de passar mais de uma semana na Síria no início de setembro, a reportagem da ANBA foi de carro para Beirute, no Líbano, para pegar um voo para Dubai e, de lá, retornar ao Brasil. Entre a saída de Damasco e a decolagem para os Emirados Árabes Unidos, passei um dia na capital libanesa e visitei alguns de seus principais pontos turísticos.
Logo pela manhã, saí do hotel no bairro Al Hamra e fui a pé pela orla até a formação rochosa de Raouche (foto acima), um dos cartões postais de Beirute. Dois rochedos se erguem do Mar Mediterrâneo, um deles atravessado por um arco natural. Uma bela e fotogênica paisagem. Há vários cafés de onde admirar a vista, mas é possível fazer isso da calçada mesmo.
De lá peguei um táxi para o centro histórico da cidade, reconstruído após a guerra civil que durou de 1975 a 1990. Combine o preço com o taxista antes da corrida para não ter uma surpresa depois.
A região é uma mistura de marcos históricos e religiosos, ruínas da antiguidade, prédios modernos de arquitetura arrojada e comércio de luxo. Entre os marcos, um dos mais modernos é a Mesquita Mohammed Al Amin, inaugurada em 2008. Construção imponente, com paredes alaranjadas, abóbadas azuis e amplo espaço interno. Fica próxima à Praça dos Mártires e integra um complexo histórico chamado Jardim do Perdão, cujo planejamento urbano é recente.
Siga as marcas no chão que indicam o “Percurso Histórico de Beirute”. Ao lado da Mesquita Mohammed Al Amin há a Catedral Maronita da São Jorge, uma igreja do século 19 inspirada na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma. Estava fechada no horário da visita.
Logo ao lado da igreja, estendendo-se por trás do templo cristão e da mesquita, há um sítio arqueológico com as ruínas das principais ruas da Beirute (Berytus) romana, o Cardo Maximus e o Decumanus Maximus, e parte de sua colunata. A cidade recebeu de Augusto, o primeiro imperador romano, o status de Colônia Romana.
Beirute, no entanto, é bem mais antiga, e embaixo das ruínas romanas foram encontrados vestígios das épocas fenícia e persa. Em 2500 a.C., a cidade já existia e os canaanitas a chamavam de Biruta. Há também estruturas mais recentes no sítio, dos períodos mameluco e otomano.
Entre à direita ladeando o Cardo Maximus. Ao chegar aos fundos do sítio, você terá uma bela vista das ruínas e da parte de trás da mesquita e da catedral. Vire novamente à direita no fim da área arqueológica para visitar a Catedral Ortodoxa Grega de São Jorge. O santo é muito popular entre os cristãos do Oriente Médio.
A igreja foi construída em 1767, mas guarda em seu subsolo riquezas muito mais antigas. Uma bomba caiu no templo durante a guerra civil e revelou as ruínas de uma igreja bizantina. Há na cripta vestígios de várias eras, desde a colonização grega pelo Império Selêucida (323 a 64 a.C.) até a Idade Média, incluindo túmulos. É um pequeno museu. Além do percurso entre os monumentos com placas explicativas e iluminação especial, há uma exposição de artefatos encontrados no local.
Atrás da catedral ortodoxa há uma capela dedicada à Senhora da Luz (Sayydat Al-Nouriyyeh), rodeada por oliveiras. É uma réplica, pois a original foi destruída durante a guerra civil.
Praticamente em frente à catedral, fica a redonda Praça da Estrela (Place de l’Etoile), onde desembocam várias ruas, na forma de uma estrela. Remete à praça de mesmo nome, mas muito maior, em Paris, onde está o Arco do Triunfo. O largo é rodeado por cafés, prédios públicos e bancos. No centro, a famosa Torre do Relógio. Embaixo dela foram descobertas ruínas do Fórum Romano, atualmente ocultas.
Próximo à praça, do lado oposto à catedral ortodoxa, há outro sítio arqueológico: as amplas ruínas de uma casa de banhos romana.
De volta ao Jardim do Perdão, a Mesquita Al Omari era originalmente uma igreja dos Cavaleiros Hospitalários dedicada a São João Batista. Construída no século 12, foi convertida em mesquita em 1291. A arquitetura românica deixa clara sua origem. Há diversas outras mesquitas nas proximidades.
Atravessando a Rua Waygand, não sem antes observar uma escultura do brasileiro Romero Britto, chega-se ao letreiro I Love Beirut, que convida para uma selfie, e à entrada dos Souqs de Beirute, galerias modernas repletas de lojas de luxo onde antes ficavam os mercados tradicionais da cidade. Um pequeno prédio abobadado se destaca por ali. É a sala de reza Zawiya Ibn Iraq, do período mameluco. Nas redondezas há ainda uma loja da marca libanesa de chocolates Patchi. São caros, mas também são ótimos.
De táxi de volta para Hamra, uma parada para um almoço tardio no Barbar, restaurante tradicional, simples, mas com amplo cardápio e comida farta. Lembra um pouco o Ponto Chic (paulistanos entenderão), mas serve porções generosas de comida libanesa em bandejões. Pedi um shawarma misto de frango e cordeiro, mas no Brasil poderíamos chamar de… Beirute!
(Segue galeria de fotos)