São Paulo – O Brasil deve explorar ainda mais o mercado árabe para a venda de seus produtos agrícolas, segundo Antônio Costa, gerente do departamento de Agronegócio da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). "Esta região tem tarifas relativamente baixas e impõe poucas barreiras sanitárias. É um mercado que temos que explorar", disse ele ontem (22) em São Paulo.
Costa participou do painel “Agronegócios”, do Encomex, evento promovido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que reuniu representantes de diversas organizações ligadas ao comércio exterior, com o objetivo de debater as oportunidades e desafios do setor. Para Costa, arroz, frutas, café e outros produtos mais elaborados são os itens agrícolas brasileiros mais interessantes para serem vendidos ao mercado árabe.
"Este mercado conta com muita credibilidade. O Brasil precisa aumentar sua presença, por meio de rodadas de negócios e com uma maior interação com estes países e seus compradores", afirmou. O gerente da Fiesp mostrou dados que apontam o Brasil como o quarto maior exportador de produtos agrícolas do mundo, e 21º lugar entre os importadores no segmento.
Costa lembrou que o mercado árabe ganhou participação nas exportações brasileiras do agronegócio. As vendas de produtos agrícolas e pecuários à região cresceu 30% no ano passado, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Elas ficaram em US$ 6 bilhões e os principais destinos foram Arábia Saudita, Egito e Emirados. Os principais produtos comprados foram carnes, açúcar e cereais.
O gerente destacou também que a produção agrícola brasileira é maior que seu consumo e pode abastecer o mercado mundial especialmente em momentos de crise. "Países como Índia e China já mostraram estar dispostos a por barreiras nos períodos de crise para abastecer seu mercado interno".
Sobre os gargalos na produção agrícola do Brasil, Costa destacou a enorme dependência do país de fertilizantes importados e também problemas relacionados ao transporte dos produtos. "O Brasil é muito competitivo na produção, e isso às vezes esconde estas deficiências", afirmou.
Cooperativas
Participaram ainda do painel sobre o agronegócio Antônio Pezzuto, consultor de agronegócios da Organização das Cooperativas Brasileiras no Estado de São Paulo, e Pedro Viana Borges, Coordenador de Capacitação do Departamento de Cooperativismo e Associativismo Rural (Denacoop) do Ministério da Agricultura.
De acordo com Antônio Pezzuto, apenas 1% do que é produzido pelo sistema de cooperativas é direcionado ao mercado externo. Segundo ele, isto acontece devido à dificuldade dos produtores cooperados atingirem o volume necessário para a exportação. "Temos um grande desafio para ampliar o mercado internacional", afirmou.
Pedro Viana Borges ressaltou a baixa participação do Brasil nos mercados dos maiores importadores de alimentos do mundo, como o México, que ocupa a 8ª posição neste ranking e compra apenas 1,43% de seus produtos alimentícios do Brasil. Ele também destacou a importância das cooperativas no agronegócio. "Cerca de 40% da produção agropecuária brasileira passa, em algum estágio, por uma cooperativa", lembrou.