Rabat – Com mais de 40 empresas instaladas em 130 mil metros quadrados, a Technopolis é uma área dedicada a companhias estrangeiras de alta tecnologia, como eletrônica, biotecnologia, nanotecnologia e prestação de serviços a alguns minutos do centro da capital marroquina. Criado em 2008, o parque terá duas fases de expansão e busca novas empresas que queiram se instalar ali, inclusive as brasileiras.
“Temos duas zonas industriais. Uma delas é uma zona livre, aberta a empresas que exportem pelo menos 8% de sua produção. A outra segue a legislação normal e está aberta para receber quem quiser se instalar aqui”, explica Hnya Brick, diretora de projetos e desenvolvimento da Technopolis, a um grupo de jornalistas brasileiros que visitou o local nesta segunda-feira (27). Vale destacar que a zona livre dentro da Technopolis foi a última criada no país, há menos de um ano, e as primeiras empresas nesta parte do parque devem se instalar ali até o final de 2014.
Brick destaca que um dos principais atrativos para as empresas se estabelecerem na Technopolis é a possibilidade de utilizar os recursos humanos provenientes das universidades instaladas na região. “Temos parceria com três universidades, uma privada, a Universidade Internacional de Rabat, e duas públicas, a Universidade de Souissi e a Universidade Mohammed V”, conta. Desta parceria, além de engenheiros e técnicos, as empresas também se beneficiam dos laboratórios de pesquisa e desenvolvimento dentro das instituições.
Entre as empresas que estão instaladas na Technopolis estão nomes conhecidos no Brasil, como Nestlé, Dell, Accenture, HP, Bosch e BNP Paribas. O sistema para se instalar na Technopolis é bem flexível e cada companhia pode negociar a compra ou aluguel do terreno, a construção do prédio e o tempo de uso da instalação de forma customizada com a administração do parque.
A verba para a construção da Technopolis, cerca de R$ 944,55 milhões, vem de um fundo público de pensão, o CDG (Caisse de Dépôt ET de Gestion, em francês). Brick afirma que as empresas ali instaladas não revelam seu faturamento, mas de acordo com informações do próprio site da Technolopolis, de sua abertura até 2015, o parque deve gerar mais de R$ 1,471 bilhão em contribuição ao PIB marroquino.
O planejamento da segunda fase de expansão do parque inclui a construção de mais de 13 mil metros quadrados. Atualmente, oito mil pessoas trabalham na Technopolis.
Eletrônicos automotivos
Tendo como principais clientes as maiores fabricantes de carro da Alemanha, uma das indústrias que se instalou na Technopolis é a Lear Corporation. Produtora de sistemas elétricos automotivos, a companhia norte-americana abriu sua planta marroquina no parque de Rabat em 2011.
“No primeiro ano de faturamento, nossas vendas foram de US$ 20 milhões, em 2012 foram de US$ 100 milhões, no ano passado foram de US$ 150 milhões e esperamos vender US$ 250 milhões este ano”, revelou Aissam Chaouki, gerente da fábrica de Rabat.
Chaouki contou que 70% da produção marroquina é vendida para a BMW. Os demais clientes da sucursal árabe são montadoras como Volkswagen, Jaguar, Audi, Land Rover e Renault – Nissan.
“Escolhemos o Marrocos por causa do desenvolvimento econômico do país e da estabilidade política. Daqui, podemos fornecer para os principais fabricantes de automóveis da Europa”, ressaltou. Em agosto do ano passado, a empresa instalou sua segunda planta no país, na cidade de Kenitra.
Uma curiosidade sobre a Lear marroquina é que dos 700 funcionários que trabalham na fábrica, mais de 90% são mulheres. “Elas são mais precisas”, elogia o gerente. Entre os engenheiros, 15% são profissionais do sexo feminino.
Oportunidades de investimentos
Tendo como principais parceiros comerciais a França e a Espanha, o Marrocos quer diversificar suas fontes de investimentos e está buscando incluir o Brasil nesta nova rota. Entre as estratégias que o país está usando para atrair a atenção dos brasileiros está a divulgação de oportunidades na imprensa nacional e um relacionamento mais próximo com o empresariado brasileiro, por meio de workshops e uma viagem de negócios de executivos do Brasil para o Marrocos, planejada para ocorrer este ano.
“A mensagem que queremos deixar aos brasileiros é que a África é o futuro, é um campo verde (a ser desenvolvido), e que nós podemos ajudar nesta parceria entre as empresas brasileiras e as marroquinas”, afirmou Ahmed Fihri, gerente-geral da Agência Marroquina de Promoção dos Investimentos (AMDI).
Segundo ele, o Marrocos quer desenvolver parcerias em setores como aeroespacial, agronegócios e energia renovável. “O Marrocos pode ser uma plataforma para acessar toda a região do Oriente Médio e Norte da África”, disse.
Driss Sekkat, gerente de Desenvolvimento de Negócios, destacou o trabalho conjunto de sua agência com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira e com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “A Câmara está fazendo um trabalho excelente para nós”, afirmou, sobre a ajuda prestada pela entidade na exploração do mercado brasileiro.
Para o embaixador brasileiro em Rabat, Frederico Meyer, há boas oportunidades de negócios para os brasileiros no Marrocos. “A (canadense) Bombardier está aqui e, mesmo assim, a Royal Air Maroc comprou dois aviões 190 da Embraer”, destacou. De acordo com Meyer, a fatia da Embraer na frota da companhia marroquina, que passou a ter voos diretos entre São Paulo e Casablanca desde o final de 2013, pode aumentar ainda mais.
“A Royal Air Maroc fez um anúncio no final do ano passado da compra de 10 a 15 aviões de cem lugares. Há três concorrentes, os russos, os canadenses e os brasileiros, e nós estamos bem colocados”, disse Meyer.
*A jornalista viajou a convite da Agência Marroquina de Promoção dos Investimentos (AMDI)


