São Paulo – Um passeio pela 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo revela, em meio a diversas atividades, um lançamento que homenageia a trajetória árabe e a literatura ao mesmo tempo: trata-se do livro infanto-juvenil “A longa caminhada de Jamil fugindo da guerra” (Editora Cortez). Escrito por Moreira de Acopiara, nome artístico de Manoel Moreira Júnior, e ilustrado por Luciano Tasso, o livro narra a busca de um sírio por refúgio. Mas essa história é contada de um jeito especial: em poemas à moda da literatura de cordel.
À ANBA, Acopiara afirmou que o cordel sempre esteve em sua vida e que também desejou, nesta história, mostrar a experiência das pessoas que deixam suas casas em busca de uma vida melhor. “É muito grande a quantidade de pessoas que precisam deixar seus lares e seus países, buscando seguir sua vida em paz e com boas condições de vida. Queria representar essa vivência em minha história, sem deixar de representar a saudade do lugar e das pessoas que precisam ficar para trás, a cultura que seguirá sempre no coração e de trazer esperança”, afirmou.
A literatura de cordel surgiu no nordeste brasileiro. Tem esse nome porque os pequenos versos são impressos em folhetos que ficam pendurados em cordas – os cordéis – nas bancas em que são vendidos. Seus poemas abordam diversos assuntos em linguagem simples e, por vezes, repletos de gírias. Em seu livro, Acopiara acrescentou as sextilhas, que são poemas formados com estrofes com seis versos cada uma.
Em “A longa caminhada de Jamil fugindo da guerra”, os poemas de Acopiara narram a história do sírio Jamil, que, diante do conflito sírio, perde a irmã e vê a mãe adoecer. Deixa a esposa e o filho com familiares e começa sua jornada em busca de um lar. “A literatura de cordel sempre discutiu e colocou em destaque temas urgentes e necessários, e não poderia ser diferente com a crise humanitária na qual vemos tantas pessoas serem expulsas de suas terras natais. O cordel sabe, com sua poesia, denunciar e trazer esperança”, disse o autor.
Literatura e história palestina
A Bienal do Livro tem outras atrações que se relacionam com o mundo árabe. Uma delas é o estande da Sharjah Book Authority, a autoridade literária de Sharjah, um dos sete emirados que compõem os Emirados Árabes Unidos. Alguns livros editados por editoras locais estão em exposição, mas o principal objetivo dos representantes da autoridade em sua passagem por São Paulo é se reunir com empresas e publishers brasileiros.
Ainda na Bienal, um dos sucessos de venda no estande da Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu) é “A questão da Palestina” (ed. Unesp), de Edward Said, publicado originalmente em 1979. O estoque do livro disponível na mostra acabou, o que levou a um novo pedido para as prateleiras do estande ainda na segunda-feira (10). Nascido na Palestina, professor de Literatura Comparada na Universidade de Columbia, em Nova York, Said (1935-2003) foi um ícone da resistência cultural palestina e um analista das questões políticas que até hoje impendem a criação de um estado palestino independente.
Serviço
“A longa caminhada de Jamil fugindo da guerra”
Autor: Moreira de Acopiara
32 páginas
Mais informações sobre o livro aqui
27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo
De 06 a 15 de setembro de 2024
Distrito Anhembi, Av. Olavo Fontoura, 1.209, São Paulo, SP
Mais informações sobre a Bienal aqui
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