Dubai – Burj Khalifa, Burj Al Arab, Dubai Mall, Souk de ouro e especiarias. Esses locais são referência no turismo de Dubai pois quem visita o emirado quer conhecer, nem que seja só para olhar. Sim, é muito legal conhecer esses lugares. Mas para fugir um pouco do óbvio dos arranha-céus e da ostentação, uma opção é o safári pelo deserto, um passeio que honra as tradições do povo árabe e oferece paisagens e experiências inesquecíveis.
É preciso tempo para o safári que tem duração de cerca de sete horas, ou seja, se você for só passar um fim de semana no emirado, talvez esse não seja o passeio ideal. Os guias vão te buscar no hotel às 15h e o retorno é por volta das 22h. A viagem é rápida, em cerca de 40 minutos já chegamos ao deserto, conhecido também por The Empty Quarter ou Rub’al Khali, em árabe.
O nome remete ao fato desse deserto abranger quatro países em seus 650 mil quilômetros quadrados. Seria algo como “um vazio dividido em quatro” – os países são Emirados Árabes, Arábia Saudita, Iêmen e Omã. O nome também significa “quarto vazio” em relação ao deserto que superou reis, aventureiros e nômades por milhares de anos, conhecido por ser especialmente assustador e inóspito.
Esta reportagem fez o passeio Heritage Desert Safari Experience, da empresa Platinum Heritage, a convite da Dubai Tourism, a secretaria de Turismo do emirado. O passeio custa 595 dirham por pessoa, ou R$ 805 pela cotação atual.
Chegando ao ponto de partida, os guias nos convidam a escolher uma cor de lenço em um cesto com várias opções, tais como amarelo, verde, preto, vermelho, azul. Os homens recebem o lenço tradicional branco e vermelho. Os guias nos ajudam a amarrar o lenço da forma tradicional dos beduínos, para cobrir o cabelo e quando necessário, também o rosto. Os povos do deserto utilizavam o lenço para se proteger do sol, do vento e da areia.
Então embarcamos nos jipes abertos dos anos 1950 em direção às dunas de areia. O jipe tem que correr para não atolar, e o sol começa a se pôr em uma paisagem de sonho, com uma luz incrível, tudo altamente “instagramável”.
Paramos em dois pontos do deserto para descer, sentir a areia nos pés, tirar fotos e fazer vídeos. É um cenário impressionante, difícil não se embasbacar. Pelo caminho, vimos um oásis, alguma vegetação – no deserto árabe não há cactos, mas outros tipos de plantas – e um bando de bichos chamados oryx, um primo do antílope, robusto e de chifres longos, que de lado, parece um unicórnio.
Após as paradas, chegamos ao local da demonstração de falcoaria. O sol cai enquanto comemos canapés e tomamos um espumante de tâmaras sem álcool – o passeio não inclui bebidas alcoólicas. Os falcões eram grandes parceiros de caça dos beduínos, que treinavam as aves de rapina para ajudar na subsistência de sua família. Hoje, a tradição é mantida pelos xeques árabes, que colecionam os bichos e têm até campeonatos de falcoaria.
O falcão da demonstração é alimentado com codornas importadas da França, segundo o seu cuidador, por uma questão de saúde. Quanto melhor alimentado, menos chance de contrair uma doença. Na demonstração de voo, ele dá rasantes atrás do alimento, eu gravo um vídeo, mas a ave voa tão rápido que eu não dou conta de acompanhar e registrar seu voo por completo. Ao final, pudemos segurar o falcão com uma braçadeira e acariciar suas penas.
Vídeo: A velocidade do falcão. Bruna Garcia/ANBA
Em seguida, três camelos em fila, limpos, sem marcas de maus tratos, de banho tomado – sim, eu perguntei e eles tomam banho todos os dias. Demos uma rápida volta de camelo e tiramos fotos. Abraçar e passar a mão no camelo também pode!
A noite chega e com ela o frio do deserto. A recomendação de vestimenta é de roupas leves e confortáveis, mas não esqueça o casaco e um lenço para o pescoço. A temperatura despenca em minutos.
Lá estamos no acampamento dos beduínos, com demonstrações de café árabe, tatuagem de henna e pão árabe, além de comidas típicas como leite de camela, carne de camelo, sopa de lentilha, cordeiro, arroz com frango, esfihas, salada fatuche, pastas hommus e babaganoush, e até quibe. Uma fartura só, e ainda tem chás, frutas e doces árabes na sobremesa.
Depois de comer, oferecem a shisha, também conhecida como narguilé, enquanto sentamos para assistir um show de canto e dança árabe tradicional. A energia vai lá em cima quando nos convidam a participar do show tocando uma espécie de pandeiro oriental. Estamos todos conectados pela música e pela dança, independentemente do idioma.
Por fim, nos aproximamos da fogueira na noite fria, e os guias apagam todas as luzes do acampamento por alguns minutos para observarmos as estrelas. Uma lindeza só, para a noite acabar bem. Ao final, passamos por um perrengue chique que foi voltar ao início do passeio nos jipes abertos. O vento intensificava a sensação térmica, muito frio. Mas passou rápido e não mudou a opinião de ninguém sobre a experiência geral do passeio. Imperdível!
Veja o vídeo do passeio: