São Paulo – Nadia Schwab nasceu na cidade de Poções, na Bahia. De lá, foi para o Rio de Janeiro estudar Direito. Formada, foi para Nova York trabalhar e estudar inglês. Quase indo embora, conheceu seu marido, um engenheiro norte-americano. Casou-se e teve dois filhos. Se parasse aí, a história dela se pareceria com a de milhares de brasileiros que migram para os Estados Unidos e constroem sua vida por lá. Mas, há seis anos, o marido da advogada baiana foi transferido para a Arábia Saudita, e a vida de Schwab mudou completamente.
“Eu estava no Brasil de férias quando meu marido recebeu a proposta. Eu não estava trabalhando naquela época, mas ia fazer um mestrado na Pace University (em Nova York)”, conta Schwab. A mudança para a cidade de Ras Tanura, na Arábia Saudita, tirou a brasileira da maior metrópole do mundo e a colocou em um condomínio fechado para estrangeiros.
“O condomínio tem mais de três mil habitantes. A empresa mandou uma lista de regras e, como eu fui na expectativa de fazer um teste, só levei as roupas”, explica a advogada. A nova vida no país árabe é narrada pela brasileira no livro O Melhor dos Meus Dias – Uma História Além do Véu, lançado este mês pela Editora Novo Caminho.
Contratado pela petrolífera estatal Saudi Aramco, o marido de Schwab passa a maior parte do tempo fora de casa. Para ela ficou a tarefa de se adaptar a uma vida na qual ela não podia trabalhar, dirigir ou usar suas roupas comuns fora do condomínio.
A mudança no modo de se vestir e de comprar roupas, aliás, foi uma das coisas que mais marcaram Schwab. “Não existe vestiário nas lojas. Você não pode tirar a abaya (roupa preta que cobre todo o corpo). Posso ir ao banheiro para experimentar a roupa ou levar para casa e devolver em até sete dias se precisar”, conta.
Dentro de casa, outra cena incomum para a brasileira. “Lá são os homens que fazem o trabalho doméstico. Agora, contratei um empregado da Índia, mas já tive de Bangladesh, do Paquistão. Imagina ter um homem para fazer o serviço doméstico? Hoje eu aprendi a lidar com isso e a respeitar”, relata.
Schwab também fez algumas amigas sauditas e mostra sua admiração por elas. “São mulheres fortes, guerreiras. As achei muito parecidas com as brasileiras. Elas são hospitaleiras e prestativas. Também são mulheres vaidosas. Elas têm as festas delas e lá elas vestem roupas extravagantes e lindas”, conta a advogada.
Sem muitas atividades sociais e vivendo sob regras muito rígidas para o padrão de uma brasileira, ainda assim Schwab deu um jeitinho de quebrar algumas barreiras. “Fui a primeira mulher no condomínio a ter um personal trainer homem. Um filipino que conseguiu licença para treinar estrangeiras. Hoje, não tem mais vagas para treinar com ele”, conta.
O que ela mais gosta no país árabe, no entanto, é a educação oferecida a seus filhos de 10 e de 12 anos. “Eles estudam em uma escola americana dentro do condomínio. Vou poder mandar meus filhos para estudarem em qualquer lugar do mundo”, diz Schwab, destacando a qualidade da educação e a comodidade de ter uma escola tão perto de casa.
Aos finais de semana, Schwab foge da rotina indo para o Bahrein, país vizinho da Arábia Saudita. “Lá não sou obrigada a usar a abaya. É a minha válvula de escape”, confessa. Mesmo com as dificuldades enfrentadas, a baiana diz que não se arrepende de ter ido morar no país árabe. “Faria tudo novamente. Tive a oportunidade de conhecer o Oriente Médio todo. Conheci a casa e a cultura dessas pessoas. Isso foi muito rico”, destaca.
Quem quiser saber mais sobre a vida desta brasileira que trocou o calor da Bahia pelo calor do Oriente Médio é só ler o livro que pode ser encontrado no site www.livrarianovocaminho.com.br e nas livrarias Saraiva e Nobel. A autora mantém ainda um blog (http://nadiaschwab.com) sobre sua vida na Arábia Saudita e no qual responde a dúvidas de leitores.
Serviço
Livro O Melhor dos Meus Dias – Uma História Além do Véu
Autora: Nadia Schwab
Editora Novo Caminho
R$ 29,90
160 páginas