Débora Rubin
debora.rubin@anba.com.br
São Paulo – Há quase 26 anos uma casa na Vila Mariana, zona sul de São Paulo, transporta seus clientes para um cenário de sonhos, um misto de “mil e uma noites” com pitadas de Egito Antigo. É a casa de chá egípcia Khan El Khalili, inaugurada em agosto de 1982. “Naquela época, não existia nada nesse sentido em São Paulo. Nem mesmo a dança do ventre era muito comum no Brasil”, conta o proprietário Jorge Sabongi, neto de uma avó síria e um avô libanês.
Encantado com a culinária árabe desde criança, Sabongi idealizou em um primeiro momento apenas a casa de chá egípcia. Um ano depois, incluiu a apresentação de dança do ventre, convidando as raras dançarinas que existiam naquela época. Hoje, mais de duas décadas depois, a casa tem até curso da dança com nada menos que 600 alunas.
Mas começar tudo do começo não foi fácil. “Tiver que pesquisar muito sobre o Egito, fui à embaixada atrás de informações, estudei sobre a decoração, as tradições e fui ao Egito várias vezes”, conta o dono do Khan El Khalili, nome do famoso mercado no Cairo, capital do Egito. Ele também fez um curso de árabe para receber minimamente bem os clientes estrangeiros que aparecem na casa com uma certa freqüência.
Hoje, a casa é muito mais que um espaço para se tomar chá e ver show de dança. Com 15 ambientes – no princípio, eram apenas três – a casa oferece cursos sobre egiptologia, workshops sobre dança, aulas de árabe, espaço para festas, duas cafeterias – para tomar o café árabe – e ainda a sala da shisha, onde se fuma o narguilé.
E o próprio Sabongi se lança também em outras atividades relacionadas à casa. Ele já produziu 21 CDs de músicas árabes, ele mesmo toca snujs, uma espécie de castanhola de metal, e já produziu 50 DVDs de sua ex-mulher, Lulu Sabongi, que é quem coordena o curso de dança. “Lulu tem alunas em doze países diferentes. No Japão, ela tem trezentas alunas que fazem o workshop dela anualmente”, conta.
Nos 26 anos de casa, Sabongi calcula que mais de dois milhões de pessoas já passaram por ali. “Já são umas três gerações de clientes. Tem gente que começou a namorar aqui, casou, teve filho, separou, casou de novo e continua vindo”, conta.
Sabongi atribui a longevidade da casa a vários fatores, entre eles a determinação para lidar com a atribulada economia brasileira, o padrão de qualidade das comidas oferecidas na casa (que incluem não só árabes, mas também pratos brasileiros) e ao show de dança do ventre que é, nas palavras do dono, um dos melhores do mundo.
“Temos hoje 200 dançarinas do Brasil todo. Vem gente do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte dançar aqui. Garanto que muitas delas não fazem feio em nenhum lugar do mundo”, diz.
Mas a grande receita do sucesso, acredita o dono, é o eterno ineditismo da casa. A decoração nas paredes das salas, que remete ao Egito Antigo, as grandes almofadas, a iluminação, a música, todo um clima que faz as pessoas viajarem no tempo. Fora as apresentações especiais, como as Noites no Harém, aos domingos, que sempre apresentam shows inéditos.
“Não vendemos chá, vendemos sonhos”, filosofa Sabongi, sabendo que é esse clima que atrai clientes tão variados ao lugar. “Aqui vem gente do zero aos cem. Isso porque tem espaços muito variados, para grupos de amigos, famílias, casais, etc”. Na vasta lista de clientes, Sabongi cita também diversos atores globais e até a banda Led Zeppelin.
Para esse ano, além de novas pinturas feitas pelo egiptólogo Wallace Gomes em dois novos ambientes da casa, Sabongi promete outras novidades, inclusive pela Internet. Mas, por hora, prefere guardar surpresa.
A Casa de Chá Khan El Khalili funciona de terça a domingo. As apresentações de dança são de quinta a domingo. A entrada custa entre R$ 30 mais 10%. Nos dias de show, custa R$ 40.
Contato
Khan el Khalili
+55 (11) 5575-6647 / 5571-3209
www.khanelkhalili.com.br