São Paulo – Nascida em Casablanca, no Marrocos, e diretora da ifa-Galerie Berlin, na capital da Alemanha, Alya Sebti é uma das cocuradoras da 36ª Bienal de São Paulo, que está prevista para setembro de 2025 no pavilhão que fica no Parque Ibirapuera. Em entrevista à ANBA, Sebti diz que visita o Brasil há 20 anos e observa similaridades entre São Paulo e sua cidade natal.
“Vim ao Brasil pela primeira vez 20 anos atrás. E continuo a voltar sempre que posso. Há uma conexão especial para mim, como uma marroquina nascida e crescida em Casablanca, com São Paulo. Eu realmente não posso explicar o motivo, mas é como se fosse um lar longe de casa. A escala é obviamente diferente, mas sinto muitas ressonâncias entre estas duas cidades, a energia, o ritmo, a luz”, diz Sebti, que desde 2014 vive em Berlim.
O curador-geral da mostra será o camaronês Bonaventure Soh Bejeng Ndikung, que montou, segundo informações da Bienal, uma equipe conceitual com seus cocuradores. Além de Alya Sebti, integram a equipe a suíça Anna Roberta Goetz e os brasileiros Thiago de Paula Souza e Keyna Eleison. A consultoria de comunicação e estratégia ficará a cargo da alemã Henriette Gallus. Outros integrantes da equipe, a proposta curatorial e mais parceiros serão anunciados no decorrer deste ano.
Bienal, um lugar de encontro
A prática curatorial é a seleção e organização de obras de arte e mostras artísticas. A prática curatorial desenvolvida por Sebti se concentra, mas não se resume, no formato das bienais como um espaço de encontro. A ifa-Galerie Berlin, que ela dirige desde 2016, é um espaço artístico não comercial que pertence ao Institut für Auslandsbeziehungen [Instituto de Relações Exteriores, em livre tradução do alemão].
Ali, ela desenvolveu, a partir de 2017, o projeto Untie to tie – on colonial legacies and contemporary societies [Desatar para amarrar – sobre legados coloniais e sociedades contemporâneas, em livre tradução do inglês]. A iniciativa analisa os legados do colonialismo, como movimento, migração e ambiente. Sebti já trabalhou em diversas bienais, entre elas as de Marrakesh, no Marrocos em 2014, de Dakar, no Senegal, em 2018, e a Manifesta Biennale, em Marselha, na França, em 2020.
“Desde que participei, em 2014, do Fórum Bienal Mundial durante a 31ª Bienal de São Paulo, tem sido como um sonho estar no time curatorial desta bienal. Fiquei fascinada (e ainda estou!) por esta instituição única, de tamanha escala e que é tão profundamente enraizada em seu território enquanto proporciona conversas com o resto do mundo”, diz.
Ela avalia também que a Bienal de São Paulo é a “personificação das exposições como espaço de conhecimento compartilhado”, de acesso livre e com uma equipe e um programa educacional “tão maravilhosamente comprometidos e relevantes”.
Sebti afirma que ainda é cedo para entrar em detalhes sobre o que a mostra irá apresentar em 2025 e qual será o seu tema central, mas adianta que a conexão entre as comunidades árabes e muçulmanas no Brasil e a convivência com outras comunidades “no Brasil e além” é um campo de pesquisa que está sendo investigado. Afirma, ainda, que cada integrante da equipe contribui com a próxima edição a partir das suas experiências de vida, das experiências dos artistas com quem trabalharam, das pesquisas que realizam e das suas inspirações.
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