Cláudia Abreu
claudia.marques@anba.com.br
São Paulo – O ano era 2004, Claudia Saad acompanhava o marido em mais uma viagem ao exterior. O destino era o Líbano. O empresário Johnny Saad, do grupo Bandeirantes, estava entre os convidados de um evento em Beirute, o Planet Líbano. Claudia foi junto para conhecer o país. Cheiro, sabores, cores, histórias e pessoas, no entanto, impressionaram a visitante. "Me apaixonei", conta ela. E a paixão foi tanta que, em seis meses, Claudia voltou ao país natal do marido com toda a família, inclusive com uma tia de Johnny nascida lá, Esmeralda, carinhosamente chamada de Dada. "Ela ainda se recordava da casa onde haviam morado e, claro, de muitas outras boas histórias", diz Claudia. Da experiência no Líbano, nasceu a Cowmiseta, empresa que faz malhas que passam mensagens de paz, como: "Vamos construir uma ponte entre o Ocidente e Oriente", e faz sua estréia este mês nas lojas de São Paulo.
Claudia conta que a idéia veio do coração, da vontade de estampar no peito como é importante respeitar as diferenças e dialogar com outros povos. "Desde que pisei no Líbano pela primeira vez, percebi a beleza do mundo árabe, muitas vezes incompreendido, e tive vontade de fazer alguma coisa, mas não sabia exatamente o que", diz. De volta ao Brasil, Claudia foi estudar um pouco mais a cultura árabe. "Queria entender melhor algumas questões, até mesmo políticas, religiosas", conta ela, que é filha de judeus, educada na religião evangélica e casada com um árabe – o melhor exemplo de que é possível uma ponte entre Ocidente e Oriente. Enquanto estudava, convencia os outros membros da família a voltarem ao Líbano para visitarem o país. O esforço deu certo. Em dezembro do mesmo ano, a família – e a tia Dada –, embarcou para férias no Líbano. Para Claudia, era mais do que isso, era uma viagem de conhecimento.
Quando voltou do Oriente Médio, a idéia já estava amadurecida, só precisava de planejamento estratégico. "Tinha decidido que eu iria fazer camisetas com frases emblemáticas", conta a empresária. A política de Prefeitura de São Paulo de retirar os outdoors da cidade deu mais um empurrãozinho. "Pensei, agora nós poderemos ser outdoors vivos, e de uma boa causa", diz. No início do ano, Claudia começou a desenvolver as frases para estampar as camisetas. A primeira surgiu quando ela visitava sites de fotografias. "Encontrei uma imagem de um homem fazendo uma ponte, a frase veio imediatamente: uma ponte entre o Ocidente e Oriente", conta. A segunda, "Respeite as diferenças", é outro valor que Claudia gosta de transmitir aos que convivem com ela. "Por que não passar para um número maior de pessoas?", diz.
No início, serão sete ou oito diferentes tipos de camisetas. A produção será de 1.500 peças. "É um número para testar o mercado, ver como será a receptividade", conta Claudia. A idéia é colocar em lojas multimarcas ou de marcas já estabelecidas e conhecidas. O valor sugerido de cada camiseta será de R$ 80. Além das lojas, Claudia pretende trabalhar com empresas, sugerir que elas comprem a camiseta para brinde de fim de ano, por exemplo, e reverter parte do valor arrecadado – 10% – para ONGs. Além de camisetas, Claudia pretende, num segundo momento, fazer pijamas com as frases que já existem ou outras idéias inovadoras. Boas sugestões são aceitas. A empresária gosta de lembrar que sempre dá crédito às frases que não são dela. E segue com o slogan da empresa: uma vitrine para suas idéias. "Idéias socialmente responsáveis, para se criar um mundo melhor", diz.