São Paulo – O restauro do Monumento à Independência, no parque que leva o mesmo nome no bairro do Ipiranga, em São Paulo, tem a participação de uma tunisiana. Hela Djobbi integra o time que recupera o alto-relevo “Independência ou Morte”, na fachada do monumento. Ela estudou Artes em Túnis, a capital do país do Norte da África, antes de começar a se especializar em restauro e conservação de esculturas na França. Agora faz um estágio de quatro meses e parte desse aprendizado está sendo colocada em prática na capital paulista.
“Vamos recuperar a escultura de corrosão e de pequenas rachaduras. Iremos devolver a ela sua cor natural, suas características”, disse a restauradora à ANBA na quinta-feira (15). O Monumento à Independência, assim como as fontes e os jardins do Parque da Independência foram restaurados no começo dos anos 2000 e agora precisam de nova recuperação. “É normal ter que realizar esses reparos de tempos em tempos, principalmente em esculturas que ficam expostas a céu aberto”, afirmou.
Esta é a primeira vez de Djobbi em São Paulo. Ela está hospedada na Vila Mariana e em sua passagem pela cidade aproveitou para conhecer famosos espaços artísticos. “Fui à Pinacoteca e ao Masp e também estive na Bienal de São Paulo. Achei muito boa”, afirmou. Sua impressão da cidade foi além do acervo artístico. “Em alguns aspectos, São Paulo se parece com Túnis. As pessoas valorizam a proximidade e são hospitaleiras. Achei a cidade mais organizada do que Túnis”, disse.
A restauradora estuda na École Supérieure des Beaux-Arts de Tours, cidade localizada a uma hora de Paris, a capital francesa. Entre 2011 e 2014, trabalhou no principal museu tunisiano, o Museu do Bardo. O local tem um rico acervo de mosaicos e de esculturas da Grécia Antiga. Em março de 2015, porém, homens armados invadiram o museu e deixaram 22 mortos. O objetivo de Djobbi, de 34 anos, é retornar à Tunísia ao fim do curso e lá, trabalhar com o marido para estabelecer a profissão de restaurador no país. “Cultura é importante e a Tunísia tem uma cultura grande e muito rica. Temos que cuidar dela, preservá-la”, afirmou.
O restauro do Monumento à Independência compreende, atualmente, o alto-relevo da sua fachada e o interior do mausoléu onde estão os restos mortais de D. Pedro I e de suas duas mulheres: imperatriz Dona Leopoldina e imperatriz Dona Amélia. O projeto de restauração foi feito pelo Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), órgão vinculado à Secretaria Municipal de Cultura responsável pelos monumentos tombados da capital paulista.
A Obra, orçada em R$ 1,090 milhão, é executada por uma equipe de sete restauradores da KSA Fundição Artística liderara por Antoine Amarger e Israel Kislansky.
“Os restauradores irão recuperar as esculturas do desgaste superficial, tirar a sujeira e a porosidade. Parte estrutural do Monumento também será renovada nesta etapa”, afirmou Kislansky. Esta etapa de recuperação deverá ser concluída em dois meses. Outras fases do projeto, como a recuperação da escultura principal do Monumento à Independência, ainda dependem de aprovação da administração municipal.


