São Paulo – O mundo da moda é o mundo de Tamara Al Gabbani. Nascida em Los Angeles, criada em Dubai e formada em Londres, ela apareceu ao público apresentando um programa de TV, entrevistou celebridades como George Clooney e Paulo Coelho, criou sua própria grife e hoje usa seu trabalho e sua fama para defender o empoderamento das mulheres.
Em visita ao Brasil convidada pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Al Gabbani conversou com a reportagem da ANBA e disse que, apesar das diversas atividades que já fez e ainda faz, ela se define mesmo como uma mulher de negócios.
“Eu vejo a mim mesma como uma mulher de negócios. Eu gosto de ser criativa, sou boa nisso. Mas o mais importante é que eu sou uma empresária porque eu dou um jeito de fazer o que eu amo e transformo isso em negócio”, afirmou.
Al Gabbani ficou famosa por acaso. Depois de se formar em Finanças no Reino Unido, ela voltou para Dubai à procura de um emprego. Certo dia, sua melhor amiga iria participar de um teste para apresentadora de TV. Sem poder ir ao compromisso, pediu que Al Gabbani fosse em seu lugar. Ela ficou com a vaga e não saiu mais dos holofotes.
A criação de sua marca de roupas veio como forma de expressar o que ela chama de “talento natural”. “Acho que todos temos dons e talentos naturais e, para mim, a moda é um deles, então isso vem naturalmente. Não acho que tenha que ser uma coisa que você tem que estudar, acho que [estudar] é algo que ajuda muito se você fizer, mas eu não precisei, eu tinha esse talento, esse dom, e consegui fazer uma coleção muito naturalmente e que fez muito sucesso. Eu me sinto muito orgulhosa e já faz alguns anos [que comecei] e tem sido um negócio de sucesso”, destacou.
A estilista nomeou sua primeira coleção de Goddess (deusa, em inglês). Para ela, o significado desta palavra traduz a identidade de sua grife. “É a filosofia da marca, de que todas as mulheres são deusas. Eu acredito que as mulheres são a criação mais bela de Deus. Nós somos bonitas, fortes, graciosas e femininas e nós damos a vida, o que é uma atribuição divina. Então, eu criei essa coleção como uma homenagem às mulheres, como um pedestal para elas serem colocadas”, explicou.
Perguntada se ela acredita que representa uma nova geração de mulheres no mundo árabe, Al Gabbani disse que vê uma nova geração de mulheres em sua região voltadas à educação e às oportunidades que estão se abrindo para elas. A empresária também elogiou as políticas voltadas às mulheres nos Emirados.
“Por exemplo, em Dubai, nós temos o xeque Mohammed [Bin Rashid Al Maktoum, vice-presidente dos Emirados e governador de Dubai] que realmente apoia o movimento de empoderamento das mulheres. E eu sinto que as mulheres agora estão mudando. Somos muito diferentes da geração de nossos pais e isso também pode ser visto nas escolhas de moda”, apontou.
A moda criada por ela de fato agradou os mais diversos gostos e mulheres de diferentes idades em diversas partes do mundo. “Quando eu lancei [a primeira coleção] era algo voltado ao mercado de luxo, mas conforme a marca foi evoluindo eu notei que tinha clientes por toda a Europa, Austrália, e lógico, no Golfo, mas eu não pensava que eu iria para fora do Golfo. Minhas clientes estão até nos Estados Unidos e vão desde adolescentes até mulheres na faixa dos 50 anos”, disse.
Quem vê os vestidos criados por Al Gabbani, com decotes e cores fortes, pode pensar mesmo que é o tipo de moda que agrada principalmente às mulheres ocidentais, mas o que ela conta é que seus vestidos são vendidos principalmente nos países árabes do Golfo, como Arábia Saudita, Emirados, Kuwait e Catar.
Segundo a estilista, a criação de uma coleção pode levar até seis meses para acontecer, mas ela também faz coleções exclusivas sob demanda. “Eu tenho muitos clientes que querem uma coleção somente para eles, então eu consigo criar uma coleção para eles em alguns dias. Depende muito de quanto tempo eu tenho, mas eu sempre dou um jeito de fazer”, contou. E como ela se inspira para criar? “Beleza e inspiração estão em todos os lugares, você só tem que olhar. Minha principal inspiração são as mulheres, a beleza das mulheres e a força das mulheres”, respondeu.
Aos 35 anos, é a primeira vez que Al Gabbani vem para a América do Sul. Ela disse estar muito feliz por estar no Brasil e elogiou a moda no País. “A moda do Brasil, pelo o que eu pude ver, é a representação do povo brasileiro, ou seja, colorida, alegre, calorosa e também muito feminina”, concluiu.
Quem quiser ver as peças criadas por Al Gabbani pode acessar o site da empresária: www.tamaraalgabbani.com.