São Paulo – Estudantes da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) têm interesse em intercâmbio com instituições de ensino de países árabes. A vontade foi manifestada por eles nesta quarta-feira (26) à noite em palestra promovida pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira no campus da universidade em Itajaí, litoral de Santa Catarina.
O assessor de projetos especiais da Câmara Árabe, Tamer Mansour, e o cônsul comercial e chefe do Escritório Econômico e Comercial do Egito em São Paulo, Mohamed Elkhatib, falaram a cerca de 250 pessoas, entre estudantes e empresários, sobre as relações comerciais do Brasil com os países árabes e sobre o acordo de livre comércio Mercosul-Egito.
As universidades árabes costumam promover intercâmbios com outros países e, inclusive, existem algumas que já possuem esse tipo de troca e cooperação com instituições brasileiras. Após a manifestação do interesse dos alunos, a Câmara Árabe ficou de ajudar a viabilizar um intercâmbio de universidades árabes com a Univali.
Entre outros temas que despertaram interesse do público durante a palestra na Univali estiveram a segurança alimentar. Mansour falou aos estudantes sobre a importância de Santa Catarina no fornecimento de alimentos aos países árabes, já que o estado é grande produtor de carne de frango, e da possibilidade de que, em função do perfil produtivo da região, o Porto de Itajaí seja um polo logístico para a exportação ao mercado árabe.
“Itajaí é uma cidade portuária e os alunos estão dentro dessa realidade, trabalham em empresas de logística, exportação, alimentos”, contou Mansour à ANBA nesta quinta-feira (27). Segundo Mansour, os estudantes ficaram bastante interessados num estudo que a Câmara Árabe vai realizar sobre segurança alimentar, e em outro que foi realizado em 2015 sobre logística e transporte marítimo no comércio com os países árabes.
Outro tema abordado que despertou o interesse dos alunos foi a possibilidade de negócios entre indústrias catarinenses de produtos têxteis e as empresas egípcias fornecedoras de matérias-primas para o segmento, como o algodão egípcio, famoso mundialmente por sua qualidade. O cônsul ElKhatib falou sobre o tema e contou ao público também sobre as zonas francas do Egito, que estão abertas a receber empresas brasileiras e podem ser um polo para exportações à África e outras regiões do mundo com as quais o país árabe tem acordos de comércio.
O cônsul egípcio explicou os benefícios que o acordo de livre comércio que o Egito assinou com o Mercosul, e que entrou em vigor no final do ano passado, pode trazer para o comércio da região com o seu país. O acordo promove a redução de tarifas para a exportação de mercadorias entre as regiões e em dez anos todos os produtos negociados como parte do tratado terão suas tarifas zeradas. Uma primeira lista de produtos já teve redução total de taxa.
ElKhatib falou ainda sobre a potencial de intercâmbio que existe entre Brasil e Egito na área turística, pois os dois países têm atrativos a oferecer, e Mansour abordou ainda o tema do halal. De acordo com o assessor de projetos especiais da Câmara Árabe, há muitas possibilidades para o Brasil como fornecedor do mercado árabe de produtos halal, não apenas na área de carnes, onde o País é forte, mas em turismo, moda, cosméticos, entre outros.
O encontro da quarta-feira faz parte de uma série de palestras que a Câmara Árabe promove na Univali em parceria com a instituição de ensino, com o objetivo de se aproximar da comunidade acadêmica de Itajaí. A entidade inaugurou em maio deste ano uma filial em Itajaí, na qual empresas da região podem fazer certificações de documentos para exportar ao mercado árabe e encontrar serviços de apoio para negociar com empresários do Oriente Médio e Norte da África.