São Paulo – Eles quiseram saber se o comércio do Brasil com os países árabes é formado só por grandes empresas, se os conflitos da região estão interferindo nas exportações do Brasil, se a moeda do comércio Brasil-países árabes vai além do dólar e sobre as exigências de certificações e selos de qualidade para os produtos que os árabes importam. Com esse leque de curiosidades, estudantes do curso de Administração da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (Uemasul) participaram de atividade na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, na capital paulista, nesta sexta-feira (22).
Os estudantes foram apresentados ao cenário econômico dos países árabes e seu comércio com o Brasil em visita à sede da Câmara Árabe. Além de conhecer as instalações da instituição, que têm vários elementos da cultura árabe, eles ouviram palestras da vice-presidente de Comunicação e Marketing da entidade, Silvia Antibas, e da diretora de Relações Institucionais, Fernanda Baltazar, na presença do secretário-geral de vice-presidente de Relações Internacionais, Mohamad Orra Mourad.
O grupo está em São Paulo fazendo um tour por diferentes locais relacionados aos seus estudos. Foi o terceiro ano que o economista e professor de Negócios Internacionais da turma, Francisco Robson Saraiva Martins, levou alunos para visitar a Câmara Árabe. “A questão da relação Brasil e mundo árabe é um dos conteúdos da disciplina e a gente fala muito da Câmara Árabe”, disse Martins para a ANBA no final da visita. “Eles sempre têm curiosidade de vir conhecer porque há uma relação internacional muito forte entre Brasil e o mundo árabe, o que acaba despertando essa curiosidade”, complementou.
Silvia Antibas abriu a atividade contando aos estudantes sobre a imigração árabe ao Brasil, com o início da história dos árabes se dando pelo trabalho de mascates, até a sua inserção cultural. Ela disse que nomes do Maranhão, como o cantor Zeca Baleiro e os integrantes de banda Tribo de Jah, têm ascendência árabe. Antibas falou sobre a diversidade que há entre os 22 países árabes, que possuem o idioma árabe e a religião islâmica como pontos comuns. “A gente lida aqui com toda essa diversidade para falar de negócios, para falar de cultura”, afirmou a vice-presidente, que é historiadora.
Fernanda Baltazar apresentou um panorama aos estudantes sobre o comércio do mundo árabe com o Brasil, cuja pauta ainda é muito centrada em commodities, no caso da exportação brasileira, e bastante concentrada em petróleo e fertilizantes, no caso dos embarques árabes para o Brasil. Mas a diretora contou dos esforços que há para diversificar esse comércio e dos planos estratégicos desenhados por governos de países árabes para ampliar as fontes de receita para além da atividade petrolífera.
A diretora relatou que o mundo árabe tem uma população de quase 500 milhões de habitantes, extremamente jovem, que consome muita tecnologia e é bastante internacionalizada. Ela apontou peculiaridades de cada região árabe, como Golfo, África Árabe e Levante. No Golfo são 94 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 2,13 bilhões, informou Baltazar, apontando para o potencial de consumo. Já na África Árabe há semelhanças com o Brasil e produção do agronegócio, de acordo com Baltazar, que também citou o relacionamento forte da região do Levante com o Brasil.
A diretora respondeu perguntas dos estudantes sobre o mundo árabe, falando do trabalho de apoio da Câmara Árabe e de outras instituições brasileiras para inserir mais médias e pequenas empresas no comércio do Brasil com o mundo árabe, disse que o fluxo comercial com a região segue apesar dos conflitos, que a moeda do comércio do Brasil com os árabes é o dólar, assim como ela predomina no comércio exterior em geral, e que os países árabes têm exigências relacionadas a certificações e padrões que precisam ser cumpridas e conhecidas por quem vai exportar para a região.
São Paulo
Além de visitar a Câmara Árabe, os estudantes também conheceram ou estavam por conhecer outros locais na capital paulista, como a bolsa de valores B3, o Banco Central do Brasil, o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) e o antigo edifício do Banco de São Paulo. Segundo o professor Martins, os alunos participantes estão quase finalizando o bacharelado em Administração e a viagem costuma ser feita neste período de encerramento do curso. De acordo com o economista, o objetivo é que os universitários tenham uma prática em cima das teorias que estudaram por cerca de três anos.