Omar Nasser, da Fiep*
Curitiba – Pessoas de grande ambição e forte inclinação ao exercício do poder foram as responsáveis pelo surgimento de uma das mais brilhantes civilizações a que o mundo já assistiu: a egípcia. A teoria é do professor Juan José Castillos, do Instituto Uruguaio de Egiptologia, que abordou o tema durante o II Encontro Nacional de Estudos Egiptológicos "Religião no Cotidiano", na noite desta quinta-feira (30), em Curitiba. De acordo com ele, as raízes da civilização egípcia estão na atitude destes indivíduos, a quem uma corrente de especialistas – antropólogos, cientistas sociais, historiadores e sociólogos – denominam "agrandadores".
Os "agrandadores" – palavra que tem origem no termo inglês "aggrandizers" – aparecem em vários momentos da história e, segundo Castillos, da Pré-história humana. Entre estes personagens ele cita Júlio César, Gengis Khan e Stálin. Na sua opinião, são pessoas que têm uma grande sede de poder, com prováveis causas genéticas, geralmente infelizes e que chegam a causar tragédias. Em várias épocas, contudo, colaboraram para que, de alguma forma, suas sociedades avançassem.
Com relação ao Egito, explica o professor, os "agrandadores" surgiram na Pré-história e, por isso, não há registros de seus nomes e atos por escrito. Escavações recentes feitas no país, porém, revelaram a existência de túmulos sem inscrições em que indivíduos foram sepultados com grande honraria. Os objetos de alto valor encontrados nestes locais indicam que foram pessoas de importante posição social. Eles teriam sido os responsáveis pelo surgimento da sociedade avançada, complexa e estratificada dos períodos dinásticos do Egito Antigo.
O professor Castillos explica que os estudos e teorias apresentados até hoje não explicam satisfatoriamente como o Egito evoluiu de uma sociedade desagregada, formada por caçadores e coletores, a uma sociedade estratificada. Sua teoria será apresentada em novembro em Toronto, Canadá, numa conferência sobre egiptologia. No ano que vem, os resultados de suas pesquisas serão levados a evento similar no Museu Britânico, de Londres.
Castillos se auto-denomina "arqueólogo de gabinete", por estudar o tema em livros, conferências e simpósios, em contraposição aos "arqueólogos de campo", que fazem escavações. Seus estudos estão à disposição dos interessados. Basta entrar na página www.geocities.com/jjcastillos/complexity.html.
Na sua opinião, a egiptologia tem um grande campo a ser explorado pelos cientistas brasileiros. "Seria muito importante que os especialistas do Brasil organizassem uma missão para viajar ao Egito e fizessem suas escavações", observa.
*Federação das Indústrias do Estado do Paraná

