Trípoli – Nos restaurantes de Fakher Shames, em Trípoli, é possível comer pratos tradicionais, como a sopa líbia, que leva carne de carneiro, grão de bico, uma massinha em forma de arroz, especiarias e um toque de menta, ou uma “jarra”, carne de “baby camel” (camelo mamão) assada dentro de um pote de barro que é quebrado na mesa do freguês. Mas é possível também pedir um filé acebolado, ou um bife a cavalo, clássicos da culinária brasileira.
“Já cheguei até a fazer feijoada com carne seca de boi”, disse Shames à ANBA, sentado numa das mesas do Al Ghazala (A Gazela), no centro da capital líbia, um dos três restaurantes que mantém em sociedade com os irmãos. O toque brasileiro no cardápio de pratos locais e internacionais é influência dos quase 14 anos que o empresário líbio viveu no Brasil.
Shames fez parte do primeiro programa de intercâmbio universitário entre o Brasil e a Líbia, em 1983. “Era uma bolsa de estudos. Fui sem saber o que ia encontrar, mas me dei muito bem com os brasileiros. Nunca me esqueci da hospitalidade depois que voltei à Líbia, já cheguei até a sonhar em português”, afirmou ele, que continua a falar o idioma fluentemente.
Após estudar engenharia química na Universidade de Brasília (UNB) e na Universidade Estadual do Rio e Janeiro (Uerj) e fazer um curso de piloto comercial em São Paulo, ele voltou ao seu país de origem nos anos 90. Chegou a trabalhar como engenheiro químico, mas, a pedido do pai, assumiu ao lado dos irmãos os negócios da família, no ramo de restaurantes há 50 anos.
Durante esse período, brasileiros ilustres passaram pelos estabelecimentos. Shames diz que guarda fotos do pai com Pelé e o então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva. Já estiveram por lá também outras personalidades, como Fidel Castro e o ex-primeiro-ministro italiano, Romano Prodi.
Desde que retornou à Líbia, o empresário nunca mais visitou o Brasil, mas pretende fazê-lo um dia. Mais recentemente, porém, ele conseguiu matar um pouco das saudades do país. É que com a abertura econômica, grandes empresas, como as construtoras Odebrecht, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez, começaram a se instalar na Líbia e uma pequena comunidade de brasileiros expatriados surgiu.
Muitos são assíduos freqüentadores dos restaurantes de Shames e recorrem a ele por auxílio quando têm que resolver algum problema local. “A vinda dos brasileiros me deixou muito feliz”, disse.
Além dos restaurantes, o grupo familiar oferece serviços de bufê para eventos, flats e serviços diversos, como limpeza, jardinagem e organização de eventos.
Além da chegada dos brasileiros, Shames viu a economia do seu país mudar nos últimos anos por conta do processo de abertura e das exportações de petróleo. “Ela está se desenvolvendo agora, e com rapidez”, afirmou. “Eu desejo que [esse desenvolvimento] seja com bases fortes. Mas está melhor, graças a Deus”, acrescentou.
Além do Ghazala, os outros restaurantes da família são o Sheraa e o Athar. O último fica em um dos lugares mais espetaculares da cidade, ao lado do Arco de Marco Aurélio, ruína romana de 1.860 anos localizada na medina, o centro velho de Trípoli. Como conseguiram um local tão privilegiado? “Sorte nossa, às vezes isso acontece”, disse o bem-humorado Shames.
Os peixes estão entre os pratos mais pedidos nos restaurantes e o grupo ganhou em 2004 o prêmio de melhor sopa de pescado do Mediterrâneo no “Festival Internazionale del Brodetto e della Zuppa di pesce”, em Fano, na Itália.
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