São Paulo – A brasileira Vale conseguiu no terceiro trimestre deste ano o menor custo por tonelada para o minério de ferro, segundo informações divulgadas pela empresa nesta quinta-feira (22). A companhia colocou o produto nos navios por US$ 12,70 a tonelada. “Em termos de produção, temos o custo mais baixo do mundo”, disse o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani Pires. No segundo trimestre do ano, o custo era de US$ 15,80 por tonelada e no terceiro trimestre de 2014, US$ 22,50.
Em coletiva de imprensa, o presidente da companhia, Murilo Ferreira, relatou três fatores para a queda de custo: a variação cambial, os volumes crescentes de produção e o aumento de produtividade. Ele destacou o peso grande desse último motivo, relacionado à eficiência. Os US$ 12,7, porém, correspondem ao custo de produção e não englobam o gasto com transporte. Como a empresa atende o mercado chinês, o último acaba tendo relevância no preço final.
Um custo menor é uma necessidade no atual cenário do mercado de minério de ferro, já que os preços da commodity estão em níveis baixos. A Vale, porém, comemorou o fato de que os valores do minério tiveram apenas um pequeno recuo do segundo trimestre deste ano para o terceiro, de US$ 50,60 a tonelada para US$ 46,50 a tonelada. No terceiro trimestre do ano passado, o valor era de US$ 68. “Depois de alguns trimestres de queda, tivemos relativa estabilidade, uma pequena queda”, disse Pires.
Muitas mineradoras, inclusive chinesas, vêm reduzindo suas produções ou saindo do mercado em função dos preços baixos da commodity. A China, de acordo com Ferreira, recebia minério de 59 países em 2011. No ano que vem ele acredita que o país estará recebendo minério de ferro de 20 países, no máximo. Existem fatores que colaboram para todas as mineradoras, inclusive de outros países, reduzirem seus custos, como a valorização do dólar e o preço baixo do petróleo. Mas, segundo a empresa, a Vale está focada em otimizar os processos dentro da sua própria cadeia de valor.
Câmbio e receita
O câmbio, aliás, teve impacto importante no balanço da Vale no terceiro trimestre do ano, em função da forte valorização do dólar em relação ao real no período. Como a dívida da empresa é em moeda norte-americana, a empresa ficou com prejuízo em reais. Mas em dólares, a dívida caiu US$ 2,3 bilhões no período. “Apesar desse efeito contábil, a desvalorização do real é positivo para a companhia, já que nossa receita é em dólares”, afirmou Ferreira. Ele disse que o impacto negativo na dívida será recuperado com a receita.
A Vale teve crescimento de 116% na receita operacional bruta, de R$ 21 bilhões no terceiro trimestre do ano passado para R$ 23,7 bilhões de julho a setembro deste ano. O prejuízo líquido em reais foi de R$ 3,3 bilhões, contra R$ 6,6 bilhões em igual período de 2014. As exportações geraram US$ 3,3 bilhões de julho a setembro deste ano e US$ 5,5 bilhões nos mesmos meses do ano passado. O valor de exportação inclui vendas da Samarco, mineradora em que a Vale tem 50% de participação.
Em dólares, a receita bruta do trimestre atingiu US$ 6,6 bilhões, com queda de 28,5%. O prejuízo em moeda norte-americana somou US$ 2,1 bilhão no terceiro trimestre ano, com aumento de 47,3% sobre igual período de 2014, quando estava em US$ 1,4 bilhão.
Oriente Médio
A Vale teve 3,4% da sua receita operacional vinda do Oriente Médio no último trimestre. A participação da região nos negócios da empresa, porém, caiu sobre julho a setembro de 2014, quando estava em 3,9%. Foram US$ 227 milhões no terceiro trimestre deste ano e US$ 359 milhões no mesmo período do ano anterior. Na região, a Vale tem produção de pelotas em Omã. As operações da empresa no país geraram 2,3 milhões de toneladas no terceiro trimestre, com queda de 3% em comparação com 2014, em função de parada programada na produção para manutenção.
A Vale tem a maior parte da sua produção destinada à China. O país asiático respondeu por 38,6% da receita operacional da mineradora brasileira no terceiro trimestre. A Ásia como um todo ficou com 53,6%, seguido por América do Sul, com 19,5%, Europa, com 16,8%, e América do Norte, com 6,2%.
Vendas
A companhia fez vendas de ativos, os chamados "desinvestimentos", que somaram US$ 3 bilhões até o final do primeiro semestre. Apesar de admitir que isso tem importância para o caixa, executivos da Vale deixaram claro que se trata de estratégia de longo prazo de foco da companhia em determinadas atividades e não de ação voltada para ganhar fluxo de caixa.


