São Paulo – A mineradora Vale, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Funcef e o Petros (fundos de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal e da Petrobras, respectivamente), anunciaram hoje (05) que vão constituir o Vale Florestar S.A, um dos maiores fundos de reflorestamento do Brasil.
O fundo terá patrimônio de R$ 605 milhões (40% da Vale e 20% de cada cotista), com o objetivo de reflorestar uma área total de 450 mil hectares na Amazônia até 2022, dos quais 150 mil serão destinados ao plantio de florestas industriais e 300 mil para proteção e recuperação de florestas nativas.
O projeto Vale Florestar foi criado em 2007, pela Vale, para promover o reflorestamento de áreas degradadas com espécies nativas e exóticas, já tendo investido R$ 230 milhões em ações de recuperação. “A gente quer acelerar esse projeto, por isso, a gente tem que ter parceiros”, afirmou Roger Agnelli, presidente da Vale, em entrevista coletiva.
Atualmente, o Brasil tem 4,6 milhões de hectares de florestas de eucaliptos, sendo que o consumo dessa madeira no país é de 114 milhões de metros cúbicos por ano, com déficit anual de dois milhões de metros cúbicos de toras de eucalipto.
“Nossas contas estimam que vai dar mais de 10% de retorno anualmente”, declarou Wagner Pinheiro, presidente da Petros, sobre as previsões de rendimento do fundo.
“Estamos seguros de que é um negócio rentável”, afirmou Guilherme Lacerda, presidente do Funcef. “Nós não podemos brincar em fazer um negócio desses que não seja com uma taxa de retorno atrativa”, acrescentou.
Roger Agnelli atrelou a rentabilidade do fundo ao crescente déficit na produção de madeira no país. “A rentabilidade está crescendo a cada dia. Acreditamos que, nos próximos anos, o preço da madeira deve subir. A rentabilidade é o metro cúbico de crescimento que dá por dia”, enfatizou o presidente da Vale.
Segundo o executivo, mais do que um projeto ambiental, o Vale Florestar é um projeto social. “Isto significa emprego, alternativa e oportunidades para aquelas comunidades que estão lá”, declarou.
“Já tem gente no Bahrein (país árabe do Golfo) que quer investir. Na China e no Japão também”, relatou Agnelli ao falar sobre investidores estrangeiros que já manifestaram intenção de participar do fundo.
Para o diretor de Meio Ambiente do BNDES, Eduardo Fingerl, a participação da instituição no projeto demonstra sua preocupação com as atividades sociais e ambientais.
A área de atuação do projeto abrange os municípios de Dom Eliseu, Ulianópolis, Paragominas, Rondon do Pará, Abel Figueiredo e Bom Jesus do Tocantins. De acordo com o Macrozoneamento Ecológico-Econônico (MZEE) do estado do Pará, essas cidades estão localizadas em uma zona de consolidação e expansão das atividades produtivas, em território já desmatado.
Hoje, o projeto já atua em 41 fazendas da região em acordos de arrendamento com a Vale. Todas as propriedades participantes estão legalizadas ambientalmente, e a empresa aguarda a regularização de outras para fechar acordos similares ou até mesmo a efetuação da compra da área. Atualmente, a operação do Vale Florestar mantém 1500 funcionários, e as previsões são de que cheguem a quatro mil empregos diretos quando o projeto estiver no auge de sua produção.
A estruturação financeira do fundo será realizada pela Global Equity Administradora de Recursos, que ficará também responsável pela identificação e avaliação de novas oportunidades de investimento. A constituição do fundo aguarda aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).