São Paulo – As empresas estatais dos países membros do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC – bloco econômico que integra Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Omã e Kuwait) perderam US$ 118 bilhões em valor de mercado nos últimos dois anos, segundo informa o jornal The National de Abu Dhabi. Só os Emirados Árabes Unidos, que têm 29 empresas estatais, perderam cerca de US$ 33 bilhões.
A estimativa foi publicada esta semana pelo Centro Financeiro do Kuwait (também conhecido como Markaz), um banco de investimentos do Kuwait, que atualizou o seu "Golden Portfolio" (Portfolio Dourado), publicado pela primeira vez em abril de 2008.
Naquele ano, as empresa estatais dos países do GCC representavam uma oportunidade para investidores. Entretanto, as empresas não demonstraram imunidade à crise econômica global, embora tenham sofrido menos do que empresas privadas de capital aberto.
O chamado Portfolio Dourado, que inclui 25 das maiores empresas de capital misto do GCC, caiu 37% nos últimos dois anos. Entretanto, o índice de performance do mercado de capitais do GCC como um todo, MSCI GCC, perdeu 43% no período. Já para o mercado de capitas global, o índice MSCI perdeu 24%.
Para o diretor de pesquisa da Markaz, Raghu Mandagolathur, o relatório pode estimular um debate sobre a eficiência da participação estatal no mercado. Há no GCC, 179 empresas de capital aberto, o que corresponde a cerca de 29% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países do bloco, e o capital estatal responde por uma boa parcela deste montante.
Se por um lado o capital estatal dá a investidores privados a confiança de que quase sempre haverá capital pronto para investimento quando necessário, e grandes investidores raramente saírem da empresa durante um período de instabilidade, por outro lado ele inibe a eficiência do mercado. É comum um órgão estatal deter mais de metade do capital de uma empresa, com famílias tradicionais detendo grande parte do capital restante.
O resultado é que há poucas ações negociadas livremente, para que investidores comprem e vendam participação na empresa. Esta é a causa do baixo movimento nos mercados de capitais da região nos últimos anos, segundo Mandagolathur.
"Caso alguém tenha interesse em comprar grande participação em uma empresa, o capital não estará disponível no mercado", disse o pesquisador.
A decisão da empresa de investimentos do governo de Abu Dhabi, Aabar Investments, de fechar seu capital a partir de 8 de setembro, conforme nota publicada na página de internet da empresa, pode demonstrar um "enfraquecimento do controle estatal" nos mercados dos Emirados. "Uma empresa coloca suas ações à venda na bolsa para atrair capital. Caso este propósito não seja alcançado, então a decisão de abrir o capital foi inútil, se transformando apenas em um gasto (para manter o capital aberto)", declarou.
Empresas estatais detêm maior participação no mercado de capitais Saudita, 35%. Nos Emirados a participação é de 29%, no Catar, de 27%. Já no Kuwait, a penetração estatal é de apenas 13%.
*Tradução de Mark Ament

