Alexandre Rocha
São Paulo – Desde 1998, o jordaniano Maurice C. Akkawi, diretor da Jordan Commodidy Trading and Agencies Co. Ltd., atua como agente comercial da Companhia Cacique de Café Solúvel no Oriente Médio. Sua função é passar à empresa os estudos do mercado local, os preços dos concorrentes e aspectos peculiares da cultura árabe para que a firma possa traçar sua estratégia de negócios na região.
Além disso, Akkawi é o importador do Café Pelé na Jordânia e no Iraque. Em outros países da região, como Síria, Líbano, Palestina, Israel e Irã, faz o meio de campo com distribuidores, atacadistas, supermercados etc. Ele cuida também do marketing da marca por lá. Em suma, o executivo coordena os negócios da Cacique no mercado árabe.
Na última terça-feira (23), o jordaniano estava na sede da Cacique em São Paulo, tratando de negócios, e deu uma entrevista exclusiva à ANBA. Aos interessados em exportar para os países árabes, Akkawi vende seu peixe: "O Brasil tem grandes oportunidades no mercado árabe, porque nós importamos de tudo, só não compramos petróleo."
Akkawi recomenda a participação em feiras de negócios, como a que aconteceu recentemente em Damasco, na Síria – e na qual a Cacique já expôs -, como uma boa forma do empresários brasileiro travar um primeiro contato com empresários árabes.
Após iniciar o trabalho de introdução do Café Pelé pela Jordânia e, depois, expandi-lo para outros países, Akkawi quer agora entrar na Arábia Saudita e no norte da África. Assim como o gerente de marketing internacional da Cacique, Haroldo Bonfá, ele espera um crescimento do mercado consumidor na região. "Espero que a situação melhore no Iraque e na Palestina, isso vai ser bom para a Cacique e para outras empresas", afirmou.
Na Jordânia, além de importar o produto, é sua empresa, a Jordan Commodidy Trading, que faz a distribuição utilizando 10 vans.
O jordaniano conta que conheceu a Cacique por meio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), mas não revela, porém, qual a sua participação financeira no negócio. "Não estou nessa pelo dinheiro", disse, em tom irônico. "Na verdade trabalho para aumentar o negócio e depois obter os lucros", afirmou, agora falando sério.
Caneca em vez da xícara
Como exemplo de uma das facetas de seu trabalho, Akkawi citou ma recomendação que fez à empresa: mudar a fotografia do rótulo do Café Pelé, colocando uma caneca no lugar da xícara mostrada. Segundo ele, os árabes costumam tomar café solúvel em canecas, as xícaras são reservadas para o chamado "café turco", tomado com a borra do café.
Apesar de ouvir as sugestões do parceiro, e muitas vezes acatá-las, a empresa não está muito disposta a fazer a mudança. A avaliação é que o rótulo ficaria muito parecido com o Nescafé, da concorrente Nestlé. Além disso, a Cacique usa um layout semelhante em todos os países em que atua e quer que o visual do Café Pelé seja identificado internacionalmente. Embora procure adaptar o produto ao mercado local, a empresa quer mostra que é brasileira e diferente dos concorrentes.