Geovana Pagel
São Paulo – De janeiro a agosto deste ano, as exportações de calçados brasileiros para os Emirados Árabes somaram US$ 3,9 milhões, o correspondente a 613 mil pares vendidos. O valor supera o volume de vendas para aquele país feitas durante todo o ano passado, de US$ 3,8 milhões, por 588 mil pares.
Para a Arábia Saudita, o Brasil já vendeu até agosto 659 mil pares de sapatos, ao valor de US$ 3,5 milhões. Em todo o ano de 2002, as vendas para os sauditas corresponderam a US$ 3,9 milhões, por 805 mil pares.
Os dois – que, somados, compraram do país em 2003 cerca de US$ 7,6 milhões – são os países árabes que mais importam calçados brasileiros, mas a lista engloba ainda Bahrein, Líbano, Egito, Catar e Omã. Líbia, Marrocos, Jordânia são possíveis novos mercados – já há negociações nesse sentido.
Segundo previsões de exportadores, as vendas externas de sapatos para os países árabes devem fechar o ano com um volume 20% superior ao do ano passado. E a idéia é crescer ainda mais em 2004.
De acordo com a Associação Brasileira de Calçados (Abicalçados), ao lado dos países da América Latina, os países árabes são considerados mercados prioritários dentro do projeto do setor de expandir suas vendas externas.
A estrutura exportadora do setor calçadista brasileiro é uma das mais modernas do mundo. Anualmente são exportados cerca de 170 milhões de pares, cuja comercialização envolve a presença de empresários brasileiros nas mais importantes feiras internacionais, como MICAM, na Itália, Show de Las Vegas, nos Estados Unidos, e a GDS, realizada recentemente na Alemanha.
O Diretor do Programa Calçado do Brasil da Abicalçados, Heitor Klein, que participou da GDS 2003, conta que a feira da Alemanha foi muito visitada por empresários de diversos países árabes, que passaram a ser encarados como um excelente mercado para as exportações brasileiras.
“Ainda não temos uma estratégia desenvolvida, mas estaremos planejando com muito cuidado”, diz Klein. Segundo ele, as vendas do setor para os árabes iniciaram há cerca de três anos, mas 2004, acredita, promete ser um ano pontual para alavancar este mercado.
Os calçadistas querem, inclusive, incentivar as empresas de pequeno e médio porte a ingressarem no comércio exterior.
Faturamento
No total, o faturamento das exportações brasileiras de calçados em agosto deste ano teve um acréscimo de 8% em comparação a agosto de 2002. Foram US$ 142 milhões contra US$ 132 milhões no ano passado.
Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
No acumulado do ano, o crescimento do setor calçadista foi de 2%. De janeiro a agosto, os embarques somaram US$ 1,018 bilhão, enquanto que nos oito primeiros meses de 2002, o faturamento havia sido de US$ 999 milhões.
Pesquisa
De acordo com dados que fazem parte de um estudo encomendado pela Abicalçados sobre o mercado de calçados no Oriente Médio, os Emirados Árabes consumiram cerca de 8,9 milhões de pares de calçados, em 2001, gerando um consumo per capta de 3,7 pares.
Importam o equivalente a US$ 200 milhões em calçados, sendo que 47% deste montante são de sapatos de cabedal em couro.
O levantamento é mais uma das ações determinadas pelo Programa Setorial Integrado de Promoção Comercial do Calçado Brasileiro (PSI).
Klein explica que “O principal objetivo do PSI, criado há três anos, é conhecer e buscar novos mercados compradores”. O projeto é coordenado pela Abicalçados e pela Agência de Promoção de Exportação do Brasil (Apex/Brasil), oferece projetos de capacitação e de apoio para pequenas e médias indústrias que querem vencer no exterior.
Por meio de ações conjuntas, como participação em feiras e eventos internacionais, “é o elo entre o calçadista de pequeno porte com o mercado internacional”.
O PSI do setor calçadista é identificado pela logomarca Brazilian Footwear (em inglês) ou Calçado de Brasil (Espanhol). O símbolo é uma parte do cabedal de um sapato, que assemelha-se a bandeira brasileira.
Os principais mercados a serem focados nesta segunda etapa do PSI Calçado são a Itália, Reino Unido, Alemanha, Finlândia, Noruega, Suécia, Dinamarca, Rússia, América Latina (Argentina, Colômbia, Venezuela e Chile), México, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Indústria Calçadista
O parque calçadista brasileiro hoje contempla mais de 6 mil indústrias, que produzem aproximadamente 650 milhões de pares/ano, sendo que 170 milhões são destinados à exportação. O setor é um dos que mais gera emprego no país. Em 2002, cerca de 270 mil trabalhadores atuavam diretamente na indústria.
A grande variedade de fornecedores de matéria-prima, máquinas e componentes, aliada à tecnologia de produtos e inovações, faz do setor calçadista brasileiro um dos mais importantes do mundo.
São mais de 300 indústrias de componentes instaladas no Brasil, mais de 400 empresas especializadas no curtimento e acabamento do couro, processando anualmente mais de 30 milhões de peles e cerca de uma centena de fábricas de máquinas e equipamentos.
É uma indústria altamente especializada em todos os tipos de calçados: femininos, masculinos e infantis, além de calçados especiais, como ortopédicos e de segurança do trabalhador.
Apesar da concentração de empresas de grande porte estar localizada no estado do Rio Grande do Sul, a produção brasileira de calçados também vem sendo distribuída em outros pólos, localizados nas regiões Sudeste e Nordeste do país, com destaque para o interior do estado de São Paulo (cidades de Jaú, Franca e Birigui) e estados emergentes, como Ceará e Bahia.
Há também crescimento na produção de calçados no estado de Santa Catarina (região de São João Batista), vizinho do Rio Grande do Sul e em Minas Gerais (região de Nova Serrana).
Contato
Para associar-se ao PSI basta entrar em contato pelo e-mail psi@abicalcados.com.br, acessando o site www.abicalcados.com.br, ou ligando para (51) 594 7011.
A empresa associada pode escolher em quais projetos deseja participar. Passa também a ter acesso a estudos sobre países importadores ou potenciais compradores, informações sobre o mercado nacional e internacional de calçados.