Isaura Daniel
São Paulo – Os países árabes estão crescendo como destino das exportações brasileiras de castanha-de-caju. O faturamento com as vendas do setor para a região alcançou R$ 1,7 milhão nos primeiros cinco meses do ano, um aumento de 42% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a receita ficou em R$ 1,2 milhão.
"O volume vendido para os árabes ainda é pouco expressivo, mas está crescendo", diz o presidente do Sindicato das Indústrias de Beneficiamento de Castanha de Caju (Sindicaju), Antonio José Carvalho. O setor exportou um total de US$ 69 milhões no período.
No ano passado, os envios da castanha sem casca para os países árabes representaram 3% das exportações do segmento. Foram US$ 4,1 milhões diante de uma receita total de US$ 143,7 milhões, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Brasil.
No Oriente Médio, os libaneses são os maiores compradores do produto brasileiro. Eles importaram o equivalente a US$ 3,5 milhões em 2003, ou 85% do que foi vendido para a região.
Os Estados Unidos ainda são, porém, o maior destino da castanha produzida no Brasil. Os norte-americanos compram 75% da castanha exportada pelo Brasil, de acordo com o presidente do Sindicaju.
Novos mercados
As empresas exportadoras, no entanto, estão fazendo um esforço para diversificar os clientes no mercado externo. No final do ano passado, elas participaram da Semana do Brasil em Dubai, que ocorreu nos Emirados Árabes Unidos, durante a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à região.
Carvalho afirma que os árabes demonstraram interesse pelo produto brasileiro, apesar de ainda terem forte tradição de comprar da Índia. "Mas estamos entrando (no mercado) aos poucos", diz.
De fato, em 2002 houve aumento das vendas em 17% em relação a 2001. No ano passado o crescimento ficou em 24%. De acordo com Carvalho, o aumento do comércio com os árabes deve ficar acima do crescimento de 27% projetado para as exportações do setor este ano.
As exportações brasileiras de castanha de caju crescem como um todo. Entre janeiro e maio deste ano, foram vendidos US$ 18 milhões a mais do que no mesmo período do ano passado. Em 2003, o crescimento da receita alcançou US$ 38 milhões. Carvalho afirma que a alta foi impulsionada em grande parte pelo aumento da produtividade nas plantações brasileiras de caju.
Os produtores começaram a plantar um novo tipo de cajueiro, chamado "anão precoce", que leva apenas 18 meses para dar os primeiros frutos. Ele foi desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e já ocupa cerca de 7% da área plantada. "O cajueiro tradicional leva uns quatro anos para começar a dar frutos", explica o presidente do Sindicaju.
O maior volume de exportação brasileiras de castanha ocorre no final do ano em função das festas de Ação de Graças e Natal, nos Estados Unidos. A castanha-de-caju é muito utilizada para confecção de doces e tortas. Entre os árabes, a maior demanda também surge no segundo semestre quando ocorrem as festas do final do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos.
Ceará
O estado do Ceará é hoje o maior produtor de castanha-de-caju do Brasil e responde por metade da produção, seguido do Piauí e o Rio Grande do Norte. Oitenta por cento dos produtores são de pequeno porte. A exportação é realizada por cerca de 15 empresas. O Brasil processa cerca de 250 mil toneladas de castanha de caju por ano.

