Geovana Pagel
São Paulo – As receitas das exportações brasileiras de couro em geral para os países árabes cresceram 212% nos últimos três anos. De US$ 154,5 milhões em 2001 saltaram para US$ 482,5 milhões em 2003, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Os países do Oriente Médio e do Norte da África estão entre os mercados alvos do setor.
"Nós temos trabalhado, junto com a Apex (Agência de Promoção das Exportações do Brasil), vários projetos como missões comerciais e participações em feiras para divulgar o couro brasileiro e aumentar as vendas para países estratégicos como os árabes", afirmou o vice-presidente de marketing do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), Walter Lene.
Segundo ele, os embarques para a região já poderiam ser substancialmente maiores caso o Brasil priorizasse as exportações de produtos acabados de couro, como calçados, sofás e estofamentos, a exemplo do que fazem os grandes produtores internacionais como a China, Rússia, Itália e a Argentina. Estes países restringem ou inibem a saída de matéria-prima e exportam produtos de maior valor agregado, gerando mais divisas e empregos.
"Antes de definirmos o que fazer é preciso mudar o sistema tributário vigente, que prioriza a exportação de matéria-prima", disse Lene. Em janeiro de 2004, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu pela redução de 9% para 7% a taxação do couro "wet blue" (in natura) para exportação e a extinção do tributo até 2006. "Estamos trabalhando para reverter a decisão do governo, manter a taxação e continuar crescendo", acrescentou.
De acordo com Lene, com essa redução da tributação do couro "wet blue", além de investimentos da ordem de US$ 1 bilhão, o Brasil perde receitas de exportação. "Os embarques de produtos de couro, que atingiram US$ 3,3 bilhões no ano passado, poderiam totalizar entre US$ 10 bilhões e US$ 12 bilhões, gerando entre 500 mil e 600 mil novos postos de trabalho, caso o Brasil não dessa prioridade às exportações de matéria-prima", declarou.
O diretor disse ainda que o Brasil está exportando também mão-de-obra qualificada. Existem hoje cerca de 800 brasileiros – técnicos em couro e calçados formados pelo Centro Tecnológico do Couro do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), localizado em Estância Velha, no Rio Grande do Sul – trabalhando em empresas chinesas, ensinando os trabalhadores asiáticos a transformar o "wet blue" brasileiro, cujo corte é diferente do "wet blue" europeu, em produtos acabados para exportação.
Perfil do setor
A cadeia brasileira produtiva do couro movimenta mais de US$ 4,1 bilhões por ano, reúne 7 mil indústrias, emprega mais de 500 mil pessoas e exportou aproximadamente US$ 3,3 bilhões no ano passado.
O Brasil apresenta enormes vantagens competitivas no mercado internacional. O país dispõe, em primeiro lugar, de abundante oferta de matéria-prima: é o segundo maior produtor de couros do mundo, com 35,5 milhões de peças por ano.
Tal quantidade é transformada em qualidade por um moderno parque industrial, operado por uma mão-de-obra altamente qualificada. O nível tecnológico do setor é dos mais avançados em termos internacionais, resultado de maciços investimentos na modernização de processos, que absorveram mais de US$ 300 milhões nos últimos quatro anos.
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