Da Agência Brasil
Brasília – Se os 128 empresários brasileiros que viajaram para a África na comitiva do presidente Lula concretizarem todos os negócios que cavaram durante os sete dias de viagem, o intercâmbio entre o Brasil e os cinco países visitados pode superar US$ 1 bilhão. As trocas envolvem a compra de fábrica de cimento, construção de ferrovias, exploração de carvão, exportação de aparelhos celulares, montagem de ônibus e venda de máquinas de coletar lixo, entre outras.
O Ministério das Relações Exteriores entrega ao presidente Lula, até o final do mês, um relatório dos resultados já concretos dos negócios. Por parte do governo, foram assinados 46 documentos durante a viagem. A maioria é de protocolos de intenções ou memorandos de entendimento que abrangem áreas como geologia, mineração, ciência e tecnologia, formação profissional, educação e alfabetização e saúde.
“A viagem pode ser avaliada como perfeitamente compatível com os objetivos da política externa do Brasil. Tivemos apoio dos países visitados em nosso pedido de reformulação das Nações Unidas. Alguns, inclusive, apoiaram explicitamente a participação brasileira no Conselho Permanente da ONU”, destacou hoje o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, ministro interino das Relações Exteriores, durante uma entrevista coletiva no Itamaraty.
O governo já analisa quatro pontos principais nas relações comerciais com Angola, Namíbia, África do Sul, Moçambique e São Tomé e Príncipe. O primeiro deles é o aumento de linhas de transporte, para que os produtos brasileiros cheguem aos destinos finais com maior rapidez e competitividade. “Também estudamos a possibilidade de se substituir as importações de países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e de estabelecer preferências tarifárias para esses países em produtos que não integram a lista dos sensíveis”, adiantou o embaixador Mauro Vilalva, diretor-geral de Promoção Comercial do Ministério. O último ponto do estudo elaborado pelo governo é o envolvimento de instituições financeiras internacionais, como o Banco Africano de Desenvolvimento, em projetos de financiamento para a África.
Trocas militares
Ao ser questionado sobre a intenção do governo federal de estreitar alianças militares com países amigos, na América Latina e na África, Pinheiro Guimarães disse que uma parceria em equipamentos de defesa e treinamento de pessoal é sempre importante.
“Na Namíbia, desenvolvemos um programa naval que ganhará novos investimentos. O Brasil vai participar da operação que vai levantar a plataforma continental deles. São Tomé e Príncipe terá cooperação brasileira para treinamento em defesa. Na África do Sul, há uma parceria para satélites de monitoramento”, citou. Foi complementado pelo assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, que lembrou que a cooperação do Brasil com os países da América do Sul na área militar existe há muito tempo.