Débora Rubin
São Paulo – Um vinho legitimamente brasileiro caiu no gosto dos hóspedes do Burj Al Arab, o mais estrelado hotel de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Trata-se do Rio Sol, produzido pela ViniBrasil em Petrolina, em pleno sertão pernambucano, irrigado pelas águas do São Francisco. Há dois anos, a empresa brasileira enviou uma remessa de 1,2 mil garrafas para o hotel. No ano passado, repetiu a dose.
"Um ex-funcionário meu, que hoje está na Itália, passou por lá e, em uma conversa com o gerente de alimentos e bebidas, descobriu que os clientes acham o Rio Sol exótico", conta Otávio Piva de Albuquerque, um dos donos da vinícola.
A ViniBrasil é resultado de uma parceria entre a Expand, importadora de vinhos comandada por Otávio, com a Dão Sul, grupo português que produz e exporta vinhos. Os estudos para viabilizar a plantação de uvas – clones de tipos de uvas vindos das mais diferentes partes do mundo – ao clima seco da região de Petrolina, onde fica a vinícola, são feitos por especialistas da Universidade de Lisboa. A parceria já tem quatro anos e a primeira safra do vinho brasileiro é de 2003.
Mesmo com uma história tão curta de vida, o Rio Sol já é vendido para mais de 20 países diferentes, incluindo os grandes exportadores de vinho como a França, Espanha, Itália e Estados Unidos. Além do preço competitivo – no Brasil custa R$ 24,80 e na Europa sete euros – o vinho ganhou espaço porque tem qualidade. A prova disso são os 83 pontos obtidos na lista dos top 100 da celebrada revista americana Wine Spectator e a medalha de bronze no Decanter World Wine Awards, da revista inglesa Decanter.
A ViniBrasil produz um milhão de litros todo ano sendo que 40% vai para exportação. São três marcas de vinho diferentes: o Rio Sol, produto para exportação, mas encontrado também em hotéis, restaurantes e algumas lojas de vinho do Brasil; e os mais populares Adega do Vale, encontrado nos supermercados das grandes cidades, e o Rendeiras, que tem uma característica mais regional, para valorizar as rendeiras da região do São Francisco.
Segundo Otávio, a aceitação mundo afora é boa. A rejeição ao vinho brasileiro, diz ele, é coisa que só acontece entre os próprios brasileiros. "O fato de ser um vinho produzido aqui chama muita atenção, desperta simpatia, as pessoas adoram", diz o empresário.
O retorno fez valer a aposta dos empresários que resolveram investir no Vale do São Francisco. Há algum tempo ninguém acreditava que era possível plantar uvas viníferas no paralelo 8 sul. Para homenagear a conquista, o vinho Rio Sol leva o número oito em sua embalagem. O Rio Sol é feito com as uvas Cabernet Sauvignon e Syrah. Mas a ViniBrasil já está fazendo teste com a Tinta Roriz, a Carmenere e a portuguesa Touriga Nacional.
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Para fazer com que o vinho seja cada vez mais provado nos cinco continentes, a ViniBrasil já elaborou duas estratégias. Segundo Otávio, uma delas é negociar com grandes empresas exportadoras para que elas dêem o Rio Sol de brinde de fim de ano para seus clientes estrangeiros. Outra idéia é convencer o governo brasileiro a colocar o produto nacional para ser servido nas embaixadas. "Quando Roosevelt proibiu o vinho francês nas embaixadas americanas, o mundo passou a conhecer o vinho californiano", explica Otávio.
Em São Paulo, a empresa já tem uma parceria com o hotel Emiliano. O hóspede, quando chega, é brindado com uma garrafa de Rio Sol. Assim, quando ele volta para casa, leva junto o "exótico" vinho nacional.
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