Da redação
São Paulo – No primeiro mês do ano, as vendas de produtos brasileiros para o exterior já atingem cifra recorde de US$ 5,8 bilhões, o maior valor registrado para meses de janeiro, anunciou ontem o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho.
“Estes números mostram que as exportações brasileiras, somente no primeiro mês, já cresceram 26,5% em comparação com janeiro de 2003, bem acima dos 11% esperados para o ano”, comentou, de acordo com informações do Ministério.
Segundo o secretário, o bom desempenho de janeiro está vinculado ao aumento das vendas, em relação ao mesmo período de 2003, das três categorias de produtos: manufaturados (22%); semimanufaturados (9%) e básicos (50%). “Para os próximos meses, esperamos que as exportações das três categorias continuem crescendo, mas num ritmo menor do que constatado em janeiro”, disse Ramalho.
No caso dos produtos básicos, o aumento das exportações se caracteriza pela elevação não só dos volumes embarcados como também dos preços das principais commodities (produtos negociados em bolsas de valores), em comparação com os preços de janeiro de 2003, como soja em grão (40%), carne bovina (30%), carne de frango (29%) e farelo de soja (27,7%).
“O aumento dos preços, em janeiro deste ano, da carne bovina, de frango e do farelo de soja, utilizado na alimentação desses animais, já pode ser uma conseqüência das crises da vaca louca e da gripe do frango”, ressaltou.
Os produtos básicos de maior destaque no mês foram milho em grão (alta de 528,6%), soja em grão (103,4%) e petróleo em bruto (95,9%).
Do lado dos produtos manufaturados (mercadorias com alto valor agregado), o secretário ressaltou que o crescimento das exportações deve-se exclusivamente ao aumento das vendas desses produtos, uma vez que os preços continuam estáveis. Os destaques ficam por conta das máquinas para terraplanagem (157,1%) e automóveis (74,6%).
Com relação aos mercados compradores dos produtos brasileiros, o secretário destacou a China e a Argentina, com crescimentos em janeiro, comparando-se com janeiro de 2003, de 92% e 103%, respectivamente. Ele ressaltou, no entanto, que esse aumento das vendas para a Argentina não indica uma “invasão de produtos brasileiros no país vizinho”.
Segundo o secretário, o próprio governo argentino, em reuniões realizadas entre os dois países, não sinaliza que esteja preocupado com essa invasão, mas sim, com maiores vendas de setores específicos como têxtil e produtos da linha branca (geladeira e ar-condicionado, por exemplo).
Nas importações, as compras do mercado externo atingiram US$ 4,2 bilhões, devido também ao crescimento, em relação a janeiro de 2003, de todas as categorias de produtos: combustíveis e lubrificantes (49%), matérias-primas e intermediários (24%), bens de capital (6%) e bens de consumo (2,1%).
“As importações devem continuar crescendo no decorrer do ano, principalmente de bens de capital (máquinas e equipamentos) voltados para a modernização do parque industrial brasileiro”, disse.
Com o bom resultado tanto das exportações quanto das importações, em janeiro, o saldo da balança comercial atingiu superávit recorde para esse mês de US$ 1,5 bilhão e uma corrente de comércio (exportação + importação), que pela primeira vez da história, ultrapassa os US$ 10 bilhões em janeiro e atinge US$ 10,012 bilhões.

