São Paulo – A quarta edição do workshop “Ideias”, organizado anualmente pelo Lar Sírio Pró-Infância, discutiu nesta sexta-feira (29) os desafios do terceiro setor, sobretudo a importância em se medir e contabilizar o impacto de ações empregadas por instituições de assistência social. Com o tema “Avaliando a inclusão produtiva na prática: conexão de jovens, mercado e oportunidades”, o evento foi realizado na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo.
Gerente-executiva do Instituto Cury, Luciana Kamimura apresentou uma palestra sobre o tamanho, dificuldades e estratégias do terceiro setor, que emprega 4,7 milhões de pessoas e movimenta mais de R$ 200 bilhões por ano no Brasil. Também comentou sobre a importância de se medir e diferenciar resultados e impactos sociais.

“Impacto mede se uma iniciativa resultou na evolução da renda, mudança da qualidade de vida de uma pessoa” disse. “Impacto pode não resultar em valor financeiro, mas em valor para a sociedade”, afirmou Kamimura.
Medir os impactos de ações é um desafio que o Lar Sírio Pró-Infância começou a enfrentar a partir de questionamentos que a própria instituição se colocou para mensurar a eficácia das suas iniciativas, disse a superintendente da instituição, Elaine Bueno, no painel “Desafios, práticas e indicadores na formação de jovens para o mercado de trabalho”.
Este painel foi mediado pela CEO da Ideal Social, Rachel Carneiro, e teve a participação de Elaine, da diretora-executiva da H2R Insights & Trends e diretora da Câmara Árabe, Alessandra Frisso, do gerente de Relações Governamentais da Liga Solidária, Marcos Muniz, do gerente regional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Leste, Paulo Sergio Franzosi, e da professora dos cursos de Formação Profissional do Senac SP, Rita Puosso.
“O Lar Sírio tem 102 anos e fazendo essa comparação com o tempo de existência das organizações [de assistência social], falar de avaliação é muito recente, um grande desafio”, afirmou Elaine. Em 2019, a instituição começou a mensurar alguns indicadores, iniciativa que evolui ano a ano. “A avaliação começa muito antes da própria entrega de resultado. Começa no planejamento”, disse ela.
Para transformar em números as ações da instituição, o Lar Sírio conta com a parceria empresa de H2R. Neste mesmo painel Alessandra Frisso lembrou que o convite a participar do Lar Sírio veio do ex-presidente do Conselho da instituição e ex-presidente da Câmara Árabe, Salim Taufic Schahin, falecido em 21 de agosto.

Ela destacou a importância em se aliar educação e trabalho na formação de jovens e como forma de promoção da igualdade social. “Falo em equalizar a condição de vida dos muitos ricos com os muito pobres. A educação é o principal eixo para se obter isso. O trabalho é o outro eixo”, disse.
A parceria com o Lar Sírio ainda está no começo e será dividida em etapas. Ela prevê acompanhar o desenvolvimento de crianças e jovens apoiados pelo Lar Sírio até sua inserção no mercado de trabalho e traduzir esse processo em números. À ANBA, Alessandra afirmou que, a partir de métricas e dados estatísticos será possível aperfeiçoar os métodos e as assistências oferecidas para cerca de mil crianças e adolescentes atendidos pela instituição, que fica no Tatuapé, também em São Paulo.
O workshop foi aberto pelo presidente da Câmara Árabe, William Adib Dib Junior, que lembrou que as duas instituições caminham juntas na história. O Lar Sírio foi fundado há 102 anos por imigrantes árabes, alguns deles ancestrais do próprio Dib e de empresários de origem árabe. Dib é diretor jurídico do Lar Sírio. A plateia de cerca de 90 pessoas era formada majoritariamente por integrantes de instituições de assistência social.
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