São Paulo – A microtorrefação mineira Tocaya lançou um novo café nesta semana. O pacotinho intitulado de Yalla Yalla traz a ligação com os árabes desde seu produtor, um libanês radicado no Brasil, até seu lucro, que será em parte revertido para ajudar o povo da Síria. O café foi cultivado por Rafic Youssef El Mouallem (foto acima, clicada por seu filho, Gui Mohallem).
O libanês, que aos 18 anos veio para o Brasil, trabalha hoje na produção de grãos orgânicos. Ele é tio-avô de Juliana Ganan, fundadora da Tocaya. A torrefação já havia usado o café El Mouallem no ano passado, quando parte de seu valor foi doado para ajudar o Líbano após a explosão que atingiu o Porto de Beirute, no final de 2020.
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Neste ano, Ganan decidiu fazer a doação à Síria, pensando especialmente nas muitas crianças que só conheceram a realidade de viver em meio a uma guerra. “Escolhi esse café para essa doação específica, por ser do meu tio, que veio dessa região árabe. Faz todo sentido, já que dessa vez a doação será para a Síria. E a instituição que vamos doar é da ONU. Tenho uma colega do mestrado que trabalha com eles, que estão na Síria desde o desenrolar da questão da guerra. E a desnutrição lá é muito crítica, porque as crianças já nascem em meio ao conflito”, contou Ganan. A ONU é a Organização das Nações Unidas.
A cada pacotinho comprado no site, a torrefação vai doar R$ 5 para o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA), que está atuando localmente na Síria. Assim como fez na doação anterior, a empresa vai mostrar em suas mídias sociais os recibos dos valores doados.
O café anterior, que apoiou os libaneses, teve seu valor final dobrado pela própria Tocaya. “Como doamos em dólar, a conversão acaba deixando o valor mais baixo. Ano passado, como estava rendendo pouco, dobramos e chegou a um valor em torno de US$ 400. Este ano já está saindo bastante! Até nos surpreendemos, porque de cerca de 90 quilos, já vendemos 30 quilos”, contou Ganan.
Orgânico e especial
O café escolhido é certificado como orgânico pelo IBD, maior certificadora da América Latina. Com uma quantidade limitada, o ‘nanolotezinho’ tem apenas 1 saca e meia de café. “Uma coisa que é difícil de achar é um café especial e orgânico. Geralmente se acha cafés com corpo e acidez interessantes, mas não necessariamente orgânicos”, destacou Ganan.
O Yalla Yalla é produzido no município mineiro de Brazópolis e resultado de um processado chamado cereja descascado. O café é descrito pela mestre de torra com notas de melaço, levemente floral, acidez cítrica e muito elegante.