Marina Sarruf
São Paulo – Representantes do governo argelino e da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB) foram recebidos ontem (26) pelo secretário de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, João Carlos Meirelles, no Palácio dos Campos Elíseos, na capital paulista, para discutir os principais itens do protocolo de intenções entre a Argélia e o estado de São Paulo. Ficou acertado que entre os setores da economia contemplados estarão o agroalimentar, de tecnologia, turismo e importação e exportação.
Quanto ao setor agroalimentar, será mostrado aos argelinos o desenvolvimento do Brasil na produção agrícola e agroindustrial. O país poderá oferecer ao país africano apoio tecnológico de institutos de pesquisa e desenvolvimento como o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), sediado em Campinas, no interior do estado.
"Podemos abrir uma imensa avenida de exportações e importações da Argélia mandando alimentos que sejam convenientes não só para o país, mas para todo o Norte da África, abrindo um caminho de importações de produtos notáveis, como óleo de oliva, azeitonas, vinho e tâmaras", afirmou Meirelles.
Segundo Michel Alaby, secretário-geral e diretor de comércio exterior da CCAB, é preciso buscar importadores desses produtos para uma relação comercial direta, e não por meio de fornecedores, como atualmente.
O setor de tecnologia foi outro em que foi identificada a possibilidade de parcerias com empresários argelinos, principalmente nas áreas médica e odontológica. O Brasil poderá mandar equipamentos médico-hospitalares desmontados, na forma CKD, para serem montados na Argélia, o que agregaria valor argelino ao produto brasileiro.
Alaby explicou que a idéia é o acordo de cooperação estimular a participação dos "clusters", pequenas cadeias produtivas de um mesmo setor concentradas em uma região, em atividade no estado de São Paulo. "Temos que fomentar as parcerias", disse ele.
Meirelles comentou que o setor de turismo também deverá ser incluído no protocolo. "Hoje nós identificamos que é uma enorme dificuldade ir para Argel (capital da Argélia), temos que ir primeiro para a França ou a Itália, o que demora um dia e meio, numa viagem que poderia durar 7 ou 8 horas", disse.
Para tentar resolver esse problema, discutiu-se a vinda de agentes de turismo da Argélia para São Paulo e vice-versa, para estudar a possibilidade de acordos de transporte entre os dois países e, posteriormente, até mesmo inaugurar uma linha aérea direta.
Tecnologia de gás
Durante o encontro foi discutida a possibilidade de um projeto de parceria pública privada para oferecer ao Brasil a alta tecnologia de gás da Argélia, que possui uma das maiores reservas mundiais. De acordo com o secretário, a previsão de consumo de gás no estado de São Paulo é de 11 milhões de metros cúbicos.
Meirelles também sugeriu que o estado tenha a possibilidade de contar com um escritório de representações bancárias na Argélia, para oferecer estudos de viabilidades financeiras, linhas de crédito, atuar como um banco de investimentos.
Estabelecer um centro de distribuição multimodal na Argélia foi outro ponto abordado na reunião, pois a idéia é ter produtos de pronta entrega tanto para a Argélia quanto para outros países integrantes do Magreb (Marrocos, Tunísia, Líbia e Mauritânia). O centro exigiria uma parceria com importadores do país.
No final da reunião, o presidente da CCAB, Paulo Sérgio Atallah, convidou o presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, para visitar São Paulo.