Marina Sarruf
São Paulo – O coordenador para o setor de negócios da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, o tunisiano Elhaj Gley, afirmou ontem (4), no Fórum Latino-Americano de Negócios Eletrônicos, que os países em desenvolvimento precisam criar cooperação e parcerias na área de tecnologia. A Cúpula é um encontro realizado a cada dois anos para os países menos ricos discutirem como podem incorporar novas tecnologias. O próximo encontro ocorrerá em Túnis, capital da Tunísia, em novembro de 2005. Do Fórum, que ocorre em São Paulo, sairá um documento que será apresentado em Túnis.
"O Brasil e a Tunísia podem trabalhar juntos, dividir experiências e fazer acordos dentro do Centro Tecnológico Internacional (ICT na sigla em inglês). O Brasil é muito desenvolvido na área de novas tecnologias e a Tunísia também tem boas soluções de rede, usa a internet no setor de negócios. Podemos trabalhar juntos neste setor", disse Gley. O ICT é a divisão que trata dos assuntos de tecnologia da Cúpula, ligada à Conferências das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).
De acordo com o coordenador, os setores privados dos dois países podem estabelecer parcerias para o desenvolvimento do comércio eletrônico. Segundo Gley, o uso da internet, o aprendizado eletrônico (e-learning) e os negócios pela rede são de alta prioridade na Tunísia. "Por isso a importância de realizar um evento desses no país", disse.
O objetivo do segundo encontro mundial é alcançar soluções eletrônicas operacionais, como, por exemplo, estabelecer parcerias entre grandes empresas do setor de informática com pequenas empresas. "Realizar um evento como este é muito importante para todos os países em desenvolvimento", afirmou Gley. Ele acredita que a cúpula na Tunísia terá a presença de 12 mil pessoas, entre governantes e empresários do setor privado.
Comércio eletrônico
Segundo o coordenador do Comitê de Comércio Eletrônico do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Rogério Vianna, que também participou do Fórum ontem, as empresas precisam usar cada vez mais tecnologia para se relacionar com fornecedores e clientes, tanto no mercado interno quanto no externo.
Vianna lembrou da época em que as empresas mandavam carta por correio. "Depois passaram a utilizar o fax e agora, o e-mail, que traz mais vantagens de custo e flexibilidade", disse. "O comércio eletrônico vai ser cada vez mais importante para as empresas ", afirmou Vianna. "Se existe uma fábrica de botões, por exemplo, que vende para um supermercado que é todo automatizado, ele vai querer se comunicar não por papel ou nota fiscal, mas sim, eletronicamente", explicou. Vianna disse que é necessário usar a tecnologia para aproximar as empresas brasileiras do mercado externo.
Durante o Fórum também foram apresentados vários dados sobre o atual estágio do uso de tecnologia no Brasil. O Brasil é o terceiro país que passa mais tempo on-line, de acordo com o diretor executivo da Associação de Mídia Interativa, Marcelo Santiago, um dos palestrantes do encontro. Há 14 milhões de usuários ativos no país, 85% das classes A e B. De acordo com ele, os investimentos publicitários na internet cresceram em 60% no Brasil no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.
"Hoje, todo tipo de empresa, desde cinema, farmácia, hotel e outras, já usa a internet", afirmou Santiago. O diretor ainda explicou que a comunicação on-line é a mais adequada para empresas de pequeno e médio porte. O serviço de busca patrocinada, pelo qual o nome da empresa aparece em primeiro lugar nos sites de busca, pode ser o mais indicado para aumentar o volume de negócios, de acordo com Santiago.
O fórum, uma iniciativa do ITC e realização da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, começou dia 3 de novembro e termina hoje (5). O tema central do encontro é o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação como Alavanca às Exportações das Pequenas e Médias Empresas.