Por Qais Shqair
Os alunos da primeira série da escola do meu filho Modar, localizada em Brasília, ansiavam por usar o Shemagh (lenço tradicional usado em volta da cabeça pelos homens da Península Arábica) e o Agal (cordão preto utilizado para fixar o Shemagh) e recordar estes momentos por meio de fotografias individuais e coletivas, nas quais estavam ao fundo retratos das Colunas de Jerash e do Tesouro de Petra. Elas ficaram encantadas com o que viram e ouviram durante a apresentação que lhes foi exibida na celebração do “Dia das Nações” na escola, que teve como país homenageado a Jordânia. O fato tornou mais próximo um país que é, geograficamente, muito distante do Brasil.
As crianças, que possuem uma imaginação grandiosa e sincera, viajaram neste sonho, conhecendo um país de brilho, modernidade e originalidade, e foram levadas pela imaginação até a cidade de Petra e Wadi Rum, alcançando a entrada principal da cidade, Al -Siq, por meio de um passeio de camelo, mergulhando em trilhas que remontam a uma civilização de milhares de anos, desbravando parte dos objetos utilizados pelo povo de Wadi Musa, local conhecido pelo verão ardente e frio penetrante. O povo, sempre amistoso e gentil, por ser mais forte que o clima, não se importava com ele, que por vezes é cruel.
Em seguida, a imaginação dessas crianças as levou para pernoitarem numa barraca no deserto do Wadi Rum, contemplando os raios do sol que abraçavam as rochas rosas do local. E assim fui me despedindo aos poucos desses seres pequeninos, despedida esta que seria substituída por um “até logo”, ao implorarem aos seus pais uma visita à Jordânia para que pessoalmente possam conhecer esse país incrível. Eles merecem viver essa bela experiência e tocá-la com suas delicadas mãos.
A apresentação ocorreu na segunda-feira, dia 19 de setembro, quando os professores escolheram a Jordânia para comemorar o “Dia das Nações”, vivido anualmente pela escola brasiliense. Após a visualização de um pequeno vídeo sobre o país, minha esposa e eu vimos tamanha admiração e elogio, livres de lisonja, uma vez que crianças não bajulam, pois seus corações se expressam através dos lábios.
Alguns deles disseram: “Que lindo é o seu país!”, enquanto outros ficaram admirados com a simplicidade e a beleza do rei do país. As perguntas prosseguiram: “Qual é o nome da rainha?”. Ao responder “Rania”, as crianças ficaram radiantes ao descobrir a proximidade do fonema da palavra Rania com a palavra Rainha. Inclusive, o diretor britânico da escola chegou a dizer que adoraria morar e trabalhar na Jordânia. Os pais das crianças e o corpo docente concordaram em organizar uma viagem ao país o mais breve possível.
Não vista somente pelos olhos das crianças brasileiras, a beleza da Jordânia é considerada uma realidade concreta indiscutível. Não relato isso apenas porque amamos nosso país, mas pelo fato de termos o compromisso de admirá-lo do jeito que é. Desta forma, nossa amada pátria permanece linda e seu amor floresce em nossos corações. Seu encanto é refletido no brilho dos olhos de quem o conhece, sobretudo pelos olhos das crianças, que transmitem uma visão verdadeira e jamais ocultam seus sentimentos.
O embaixador Qais Shqair é chefe da Missão da Liga Árabe no Brasil
Traduzido do árabe por Moein Alaia