São Paulo – O Ministério Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou nesta quinta-feira (06) que o Brasil agora pode exportar pescado ao Marrocos. Em nota, o Mapa informou que o país árabe reconheceu o Certificado Zoossanitário Internacional (CZI) apresentado pelo Brasil para a exportação de produto.
O Marrocos, por outro lado, já vendia pescado ao Brasil, sendo o principal exportador entre os árabes. Segundo dados da balança comercial compilados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em 2019 o Brasil comprou 75,70 mil toneladas de pescado do bloco árabe. A receita gerada foi de US$ 69,411 milhões. Deste total, o Marrocos foi responsável pelo envio de 66,53 mil toneladas, gerando US$ 63,37 milhões.
“O Marrocos exporta muito peixe para nós, quando falta captura de sardinha, por exemplo, nós importamos tudo de Marrocos. E isso era algo unilateral. Só eles exportavam para o Brasil. Agora poderemos fazer disso um comércio mais bilateral. Vamos ter agora essa equivalência”, afirmou à ANBA o secretário de Aquicultura e Pesca do Ministério, Jorge Seif Júnior.
Entre os produtos comprados pelo Brasil, Seif destacou a sardinha e o atum. “Estamos muito felizes com a atitude do governo marroquino. O Brasil exporta proteína para mais de 100 países, não tinha lógica estar fora do mercado marroquino”, declarou Seif em entrevista por telefone.
O secretário explicou que há alguns anos o produto brasileiro passou a ser barrado no país árabe e, com a abertura, os produtores podem participar novamente de um mercado importante. Segundo o Mapa, no ano passado, o Marrocos importou o equivalente a US$ 240 milhões em pescados de todo o mundo, e o Marrocos tem interesse especialmente em bonito listrado, lula e camarão.
Para Seif, a oportunidade pode impulsionar a produtividade do setor no Brasil. “São muitas espécies que o Brasil captura em abundância. Já que o brasileiro tem um gosto mais voltado para outras carnes, como a bovina, a alternativa [para o produtor] é o mercado de exportação”, explicou.
Nesse cenário, o secretário aposta no protagonismo que o Brasil vem ganhando em produções como a de atum e no dinamismo do setor da aquicultura. “Em um ano pode-se dobrar a produtividade. A parte do governo foi feita. Agora, cabe aos empresários marroquinos e brasileiros fazerem encontros, para que esse acordo prossiga”, pontuou.
O Mapa já tinha em sua agenda uma missão ao país árabe neste ano, o Pavilhão do Brasil no Salão Internacional de Agricultura do Marrocos (Siam), em Meknès, no Marrocos. O secretário agora estuda como aproveitar a viagem para aquecer os envios do pescado brasileiro ao país. “Como não podíamos exportar peixes para lá [na época da organização da missão], estava fora do nosso escopo a participação de pescados nessa feira, que foi organizada com antecedência. Vamos incentivar que produtores participem e queremos mandar algum representante da Secretaria de Aquicultura e Pesca para fazer o elo entre Brasil e os interessados marroquinos”, concluiu Seif.