São Paulo – Uma cooperação técnica com instituições dos Emirados Árabes Unidos para produzir tâmaras no semiárido do estado da Bahia, no Nordeste do Brasil, deverá ser assinada durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada de 10 a 21 de novembro, em Belém, no Pará. Uma reunião online para acertar detalhes deste acordo foi realizada na segunda-feira (11).
Um acordo inicial foi estabelecido entre o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), a Fundação Zayed e uma das maiores produtoras mundiais de tâmaras, a Al Foah, durante uma visita do político aos Emirados Árabes Unidos, em 2023. A partir de então, os Emirados enviaram ao Brasil 110 mudas de 12 variedades de tamareiras (Phoenix dactylifera) ao Brasil.
As plantas ficaram em quarentena por 10 meses nos laboratórios da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Distrito Federal. A quarentena é necessária para novas espécies para que se identifiquem fungos, vírus, bactérias e pragas que a planta, que não integra a flora nacional, pode trazer à vegetação do País. Só depois que as análises são feitas a muda é liberada.
Das 110 mudas, dez foram cedidas ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República, e cem foram enviadas para a Bahia. A cessão das mudas foi realizada em julho. As tamareiras deverão ser plantadas em cidades do oeste da Bahia. Deverão ser distribuídas pelos municípios de Presidente Dutra, São Gabriel e Riachão das Neves, entre outros, segundo informações da Embrapa. Com o apoio das instituições dos Emirados Árabes, a expectativa é que comecem a dar os primeiros frutos dentro de três anos.
Inicialmente, serão utilizadas por produtores com infraestrutura já instalada, mas, em outra etapa do projeto, deverão chegar aos agricultores familiares, pois a proposta da parceria é produzir tâmaras para abastecer parte do mercado interno e para exportar.
Em nota, a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) afirmou que há estudos que indicam que a tamareira se adapta bem a climas quentes e secos, com irrigação controlada e manejo adequado, e que o crescimento desta cultura poderá representar a diversificação produtiva e uma fonte de renda aos agricultores do estado. Segundo as informações da Adab, no decorrer de cinco anos o projeto deverá receber US$ 4 milhões em investimentos e resultar no plantio de 10 mil mudas.
Em 2024, o Brasil importou US$ 9,6 milhões em tâmaras, em alta de 57,6% em comparação com o ano anterior, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), organizados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira. O País também exportou tâmaras: US$ 75 mil, valor 615,6% maior do que em 2023.
Os principais fornecedores de tâmaras ao Brasil no ano passado foram Tunísia (US$ 6,5 milhões), Emirados Árabes Unidos (US$ 2,64 milhões), Arábia Saudita, Israel, Irã, Palestina e Turquia. Canadá, Libéria, Chile, Ilhas Marshall e Panamá foram os principais destinos dos frutos produzidos no Brasil.
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