São Paulo – O escritor Alberto Mussa, uma das revelações contemporâneas da literatura brasileira, terá pela primeira vez um livro traduzido para o árabe. O romance "O enigma de Qaf", lançado no Brasil em 2004, está sendo traduzido no Egito e deve chegar às livrarias do país ainda este ano. O livro é ambientado na Arábia Pré-Islâmica, na rotina dos poetas da época, e conta a história de um deles, apaixonado por uma mulher de quem conhece só os olhos. Para conquistá-la, o poeta precisa decifrar um enigma relacionado ao alfabeto árabe.
Mussa é descendente de libaneses e um dos seus livros, "Poemas Suspensos", é justamente a tradução de poemas dos dez maiores poetas da Península Arábica do período pré-islâmico. Foi quando esteve dedicado a essa obra, aliás, entre 1996 e 2004, que Mussa resolveu escrever "O enigma de Qaf", que se passa no mesmo local e está imbuído do contexto dos poemas. Além da trama do romance, a obra traz a biografia ficcional de 13 poetas pré-islâmicos. O livro já recebeu vários prêmios, entre eles da Associação Paulista de Críticos de Arte 2004 e Casa de Las Americas 2005.
"O enigma de Qaf" é o livro de Mussa mais traduzido e publicado no exterior. O autor acredita que isso tenha relação com a trajetória da obra no próprio Brasil, onde fez sucesso de crítica e leitura. No Egito, a possibilidade de tradução se abriu a partir do interesse do ensaísta de literatura do país árabe, Wail Hassan. Ele trabalha nos Estados Unidos, mas leu a obra de Mussa, entrou em contato com o escritor carioca e o indicou para tradução no Centro Nacional de Tradução do Egito, de onde deve sair a publicação de "O enigma de Qaf".
Mussa é autor também de "Elegbara", "O movimento pendular", "O trono da rainha Jinga", "Meu destino é ser onça", "Samba de enredo: história e arte" e "O Senhor do lado esquerdo". Ele já teve obras publicadas na Argentina, Cuba, Portugal, Itália, França, Inglaterra, Romênia, Turquia e em breve uma delas deve sair na Espanha. O último livro lançado pelo autor carioca, que trabalha com a editora Record, foi "O senhor do lado esquerdo". O romance se passa no Rio de Janeiro, a partir de 1913, quando o secretário da Presidência da República é assassinado em um prostíbulo de luxo.
O escritor acredita que "O senhor do lado esquerdo" terá uma boa demanda para tradução, já que se trata de uma história bem brasileira. "Existe no exterior uma carência de histórias ambientadas no Brasil", afirma. A próxima obra de Mussa também deve ser "bem brasileira", já que ele pretende ambientá-la nos primeiros trinta anos do Brasil, à época dos piratas, anterior às capitanias hereditárias. O objetivo é centrar o enredo no mito das amazonas, mulheres guerreiras que viviam sem maridos.