São Paulo – O café simplesmente como bebida quente já não é mais uma limitação para players de diferentes países. Eles acreditam que é preciso que o Brasil amplie os horizontes e veja o potencial de outros produtos que utilizem o café, ou mesmo apenas a cafeína, como diferencial. Os debates aconteceram nesta sexta-feira (26), no Coffee Dinner & Summit, na capital paulista, organizado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
“O mercado de cafés ficou para trás. Agora é preciso olhar para o mercado da cafeína. Isso inclui bebidas como energéticos e até produtos para beleza”, disse Rodrigo Mattos, analista sênior da empresa de inteligência de mercado Euromonitor.
O executivo Cyrille Janet, da SCTA, acredita que para se manter em alta, as companhias deverão se modernizar. “O consumidor está procurando diferentes formatos. Na pandemia, as compras migraram para a internet, delivery, ou mesmo para o consumo nas empresas. O shopping também estava na internet, no delivery, nas empresas. As marcas crescem aceleradas por inovação, renovação”, apontou ele.
Entre os dados compartilhados por Janet, estão o fato de que nos Estados Unidos, 88% do consumo de café é feito em casa, e nessa realidade, o consumo de doses únicas cresceu durante a pandemia, ultrapassando o consumo de métodos tradicionais.
Para quem ainda quer investir na bebida café, Albert Scalla, da Stonex, diz que é preciso focar na promoção do consumo se não quiser ficar para trás. “Enquanto os que compram café já torrado não vendem sacas, mas sim xícaras. Então vemos mais e mais empresas jogando o preço (final da xícara) para cima. Enquanto isso, concorrentes diretos crescem, como bebidas energéticas ou com cafeína”, apontou Scalla.
Brasil
Para posicionar o Brasil nesse cenário, Pavel Cardoso, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), acredita que cabe ao setor nacional investir no marketing. Assim, os países consumidores poderão ver o produto brasileiro além das commodities. “O desafio que fica é justamente para exportação do café torrado e moído. Um tremendo desafio, mas uma grande oportunidade de preparar os nossos industriais e o marketing brasileiro”, disse.
Para ele, o Brasil precisa transformar a imagem percebida fora do País. “Somos não só o maior produtor, mas, com segurança, produzimos os melhores cafés do mundo”, pontuou ele.
Pavel também lembrou que no mercado interno os chamados cafés porcionados cresceram, impulsionados pelo hábito de consumo responsável, já que se desperdiça menos quando se consome em dose única.
Para Mattos, que abordou os mercados nos países asiáticos, tradicionalmente ávidos consumidores de chá, é hora de olhar para outros produtos além do café coado. “Agora é preciso olhar para o mercado da cafeína. O Japão já está à frente em bebidas prontas para beber. Mas também há o café como ingrediente. Em itens como whey protein, colágeno, bebidas geladas, como energéticos, e até produtos de beleza, por ter propriedades antioxidantes, provavelmente vai ser esse o futuro da cafeína”, concluiu ele.