São Paulo – Produtos prontos para consumo, como alimentos pré-preparados devem ser cada vez mais demandados pelo mundo árabe e muçulmano, afirmou Tomás Guerrero, gerente da Halal Trade & Marketing Centre. O executivo participou virtualmente no fórum de negócios Global Halal Brazil, que teve início nesta segunda-feira (06).
O executivo falou durante o painel O futuro do mercado global de alimentos halal. “Quando falamos do mundo muçulmano ou árabe, estamos falando de crescimento. Uma população jovem e produtos de consumo em crescimento. E países que estão se acostumando com a disponibilidade de alimentos halal. Isso significa que os padrões de consumo dos árabes, estão avançando. E se aproximando de um comportamento de consumo ocidental”, declarou Guerrero.
O gerente elencou alguns caminhos que as empresas que quiserem atingir essa cadeia de valor podem seguir. “[O consumidor] vai exigir cada vez mais produtos prontos para consumo. Em muitos casos, os jovens não cozinham. [É] demanda dessa população jovem que tem cada vez menos tempo de cozinhar e mais poder aquisitivo”, acrescentou.
A mudança no hábito de consumo alia qualidade a praticidade, acredita Delduque Martins, diretor de Relações Internacionais da Fambras Halal. “Hoje o consumidor quer um produto mais simples com valor agregado e, busca acima de tudo qualidade”, disse Martins.
Para entender as novas demandas, Grazielle Parenti, vice-presidente Global de Relações Institucionais e Sustentabilidade da BRF (Brasil), incentiva a proximidade com os mercados-alvo. “É muito importante estar lá. Por isso, temos sede em Abu Dhabi, equipe em Omã e por aí vai. Essa personalização e a questão da praticidade. Nada substitui estar perto, ter esse conhecimento”, disse ela.
Outra estratégia para os próximos passos do setor, segundo a moderadora do painel, Fernanda Baltazar, gerente de Relações Internacionais da Câmara Árabe, é cooperar e buscar parcerias.
Da mesma forma pensa Luis Rua, diretor de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Para ele, é preciso parcerias nos novos caminhos que o mercado exige. “Podemos dizer que os principais desafios estão em três Ss: Saudabilidade, sanidade e sustentabilidade. É o conceito de one health. Isso serve para países do Oriente Médio, Norte da África, Sudeste Asiático e todos do mundo. A parceria histórica [do Brasil] com países do Oriente Médio é prova que conseguimos trabalhar conectados com essa tendência”, apontou Rua.
Para Antônio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), também é preciso buscar ações conjuntas. “Estimular uma uniformidade daqueles que são signatários da OIC para ter mais tranquilidade entre importador e exportador. Nesse momento da pandemia, tivemos que estreitar discussões técnicas com os órgãos. Talvez a gente esteja no melhor momento de sinergia com a Apex, com o Ministério da Agricultura”, afirmou. A OIC é a Organização para a Cooperação Islâmica (OIC) e a Apex-Brasil é a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
O fórum ocorre até esta quarta-feira (08) com o patrocínio da Apex-Brasil, BRF, Pantanal Trading, Portonave e a Iceport. Ele pode ser acompanhado pelo site do evento mediante inscrição prévia ou pelo canal da Câmara Árabe no YouTube. Há tradução simultânea para o inglês e o português. O evento tem promoção da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e a Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras Halal).
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