Giuliana Napolitano
São Paulo – A participação no total exportado pelo país ainda é pequena, mas vem crescendo. Depois de aumentar mais de 300% entre 2001 e 2002, as vendas externas do Tocantins subiram 181,2% no ano passado e chegaram a US$ 46 milhões. O volume responde por apenas 0,06% dos US$ 73 bilhões embarcados pelo Brasil no período, mas foi encarado como uma grande conquista pelo governo local.
"Crescemos muito, e posso dizer que estamos apenas começando a exportar", afirmou à ANBA o vice-governador e secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do estado, Raimundo Nonato Pires dos Santos. Segundo ele, além da terra e do clima "abençoados", devem garantir mais expansão os investimentos em infra-estrutura feitos pelo governo nos últimos 15 anos.
Os dois principais produtos vendidos por Tocantins são grãos de soja e carne, que respondem por mais de 95% da pauta. Como a lista de produtos não é diversificada, o governo decidiu apostar em infra-estrutura para conseguir escoar a produção e atingir o mercado externo. "O objetivo era montar a infra-estrutura básica do estado", disse Santos.
De acordo com o secretário, já foram asfaltados 5 mil km de rodovias, o programa de eletrificação rural atingiu 10 mil propriedades e a hidrovia Araguaia-Tocantins começa a mostrar resultados. Para os próximos anos, a meta é integrar as linhas do estado às ferrovias Carajás e Norte-Sul para facilitar o acesso ao porto de Itaqui, no Maranhão, "que é a rota mais próxima da Europa", lembra Santos.
A preocupação com a Europa tem motivo: é para lá que vai cerca de 60% das exportações do estado. A participação do mercado árabe ainda é pequena, mas variada: estão na lista dos 25 maiores comprados do Tocantins cinco países da região – Argélia, Emirados Árabes Unidos, Líbano, Arábia Saudita e Kuwait.
Missão para a Ásia
O plano, porém, é ampliar os negócios com o maior número de países, declarou Pires dos Santos. Para isso, o secretário integra a missão do Ministério da Agricultura que embarca hoje para a Ásia para ampliar as exportações de carnes brasileiras à região. Também fazem parte da comitiva, que visitará Japão, Coréia e Taiwan, empresários e representantes de associações do setor, como a Abiec.
A viagem foi programada após a descoberta de caso da doença da vaca louca nos Estados Unidos, que é o principal fornecedor de carne para os países asiáticos. "Vamos iniciar um processo mais agressivo de vendas", disse Santos. "Temos de mostrar que o gado brasileiro está livre do mal da vaca louca", acrescentou.
Só 15 anos de história
Apesar da aposta na carne, o carro-chefe das exportações do Tocantins continua sendo o complexo soja. Só os embarques de grãos chegaram a US$ 40 milhões no ano passado, 88% de tudo o que foi vendido pelo estado no período.
É um volume bem inferior ao que foi exportado pelo sul do país – só o Paraná, por exemplo, vendeu ao exterior o equivalente a US$ 1 bilhão em grãos de soja no ano passado. Em razão dos investimentos feitos, porém, o secretário acredita que Tocantins possa "começar a despontar como um novo celeiro do país". "Somos um estado muito novo e ainda pobre, mas temos implementado políticas que vão levar ao crescimento", explica Santos.
O vice-governador se refere ao fato de que o estado do Tocantins foi formado há pouco mais 15 anos. Foi criado em 1988, quando foi promulgada a nova Constituição do país. Antes disso, fazia parte de Goiás.
De lá para cá, foi governado praticamente pelos mesmos políticos. Pires dos Santos, por exemplo, que hoje é do PL, mas já foi do PPB, foi vice-governador em 1995, quando o estado era comandado por José Wilson Siqueira Campos (PFL). Campos, por sua vez, foi eleito o primeiro governador do Tocantins, em 1989, voltou ao cargo em 1995 e, novamente, em 1999. No ano passado, assumiu Marcelo de Carvalho Miranda (PFL), apoiado pela família Campos.
Tocantins tem a renda per capita mais baixa do país, de cerca de US$ 600, quando a média nacional é de US$ 1,8 mil. A economia do estado contribui com apenas 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional – um dos percentuais mais baixos do país, ao lado de Roraima. A base econômica vem do setor de serviços, que responde por mais de dois terços do PIB estadual. Em segundo, aparece a agropecuária, com cerca de 20% e, em último, a indústria, com menos de 10%.

