São Paulo – As populações de países árabes, principalmente do Oriente Médio, estão entre as mais otimistas, no mundo, em relação à melhora da crise econômica mundial. O dado faz parte de um estudo da rede global de pesquisas Worldwide Independent Network of Market Research (Win), que no Brasil trabalha em parceria com o Ibope Inteligência. A pesquisa ouviu pessoas de 25 países. No mundo árabe foram pesquisadas cinco nações e quatro delas apresentaram o maior número de pessoas que acredita que a economia do seu país vai melhorar nos três meses seguintes. Elas foram ouvidas entre fevereiro e março.
No Catar, país com maior número de otimistas, 45% da população acredita que a economia vai melhorar e apenas 17% crê que vai piorar. No Kuwait, 40% espera melhora. O terceiro país com maior número de otimistas, 35%, é o Brasil, seguido de Arábia Saudita com 29% e Emirados com 28%. O Líbano, outro país árabe ouvido, é o sexto da lista de otimistas. Entre a população libanesa, 26% crê na melhora da economia em três meses.
“Os bancos dos países árabes, em sua maioria, estiveram menos expostos às influências externas e por isso a crise teve menos impacto na região do que, por exemplo, na Europa e Estados Unidos”, explica o gerente de Desenvolvimento de Mercados da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rodrigo Solano. A população, então, não chegou a sentir a crise de forma tão forte. “Muitos países árabes também tinham um acúmulo de liquidez durante os anos de prosperidade e souberam investir essa liquidez”, diz Solano.
Assim como as populações dos cinco países árabes pesquisados são otimistas a respeito do desempenho econômico, elas também acreditam na melhora da sua renda pessoal. O levantamento da rede Win, aliás, observa que no Oriente Médio são encontradas as taxas mais próximas entre os dois itens. O Catar tem o segundo maior percentual de pessoas – 44% – que acredita na melhora da sua própria renda. Arábia Saudita é a quarta da lista, com 34%. No Kuwait 30% espera melhores rendimentos, nos Emirados 27% e no Líbano 26%.
Bolso folgado
O maior otimismo a respeito do futuro econômico local é reflexo de economias menos afetadas pela crise. Tanto que os cortes de gastos de pessoas dos países árabes pesquisados foram bem menores que nas demais regiões do mundo. Os catarianos foram os que menos cortaram gastos com entretenimento, por exemplo. São os últimos da lista, com apenas 23%. Os árabes estão entre os oito últimos países com cortes de gastos com entretenimento. Nos EUA, primeiro da lista, 69% da população diminui custos com diversão.
A pesquisa perguntou sobre cortes de gastos com telefonia, internet, tevê a cabo, mantimentos, transporte para o trabalho, vestuário e calçados, entre outros. Em todas as áreas há árabes figurando entre os dez últimos da lista. Ou seja, com menos percentual de pessoas que diminuiu gastos nestas áreas. Em mantimentos e vestuário, por exemplo, os cinco países árabes pesquisados estão entre os dez últimos da lista. Em transporte para o trabalho estão quatro países árabes, em telefonia estão três e em internet três.
As conclusões da pesquisa explicam o otimismo em regiões como Oriente Médio, Índia, Brasil e China. “São economias em desenvolvimento, pertencentes ao BRIC (grupo formado pelos principais países emergentes no mundo) – ou movidas pelo petróleo (ainda que em queda). São economias em expansão, com fortalecimento no mercado internacional, e muitas vezes, com ampla população que contribui para manutenção do consumo interno do país”, diz o estudo. O crescimento recente destas economias, diz a análise, contribui para o otimismo.