São Paulo – As tensões geopolíticas regionais se configuram em um desafio para o avanço da economia egípcia. O Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu nota na quarta-feira (20) descrevendo as perspectivas econômicas do país árabe, após visita ao Cairo entre 6 e 20 de novembro para a quarta revisão do Extended Fund Facility (EFF). A missão ao Egito foi liderada por Ivanna Vladkova Hollar, chefe de Divisão no Departamento do Oriente Médio e Ásia Central do FMI.
O EFF é o Programa de Financiamento Ampliado, pelo qual o FMI promove assistência de médio prazo aos países que necessitam, com o objetivo de ajudá-los em problemas econômicos. Em contrapartida ao financiamento, o fundo acompanha a economia do país e as reformas implementadas para melhorarias.
“Com múltiplas tensões geopolíticas regionais em andamento, a perspectiva econômica para a região, incluindo o Egito, continua desafiadora”, disse Hollar na nota divulgada, citando os conflitos em Gaza e Israel e as interrupções de transporte comercial no Mar Vermelho, que, segundo ela, afetam negativamente o ambiente econômico e causam perdas de 70% nas receitas do Canal de Suez, que são uma fonte importante de moeda estrangeira para o Egito. “Além disso, o número crescente de refugiados aumenta as pressões de gastos nos serviços públicos, especialmente saúde e educação”, afirmou.
Hollar ressaltou, no entanto, que contra esse ambiente externo difícil, as autoridades egípcias fizeram reformas importantes para preservar a estabilidade macroeconômica. Ela cita a unificação da taxa de câmbio em março, que trouxe alívio sobre as importações, e disse que o Banco Central do Egito reiterou o compromisso de sustentar uma taxa de câmbio flexível para proteger a economia de choques externos.
A executiva do FMI disse ainda que o aperto substancial da política monetária ajudou a conter as pressões inflacionárias. Segundo ela, a disciplina fiscal contínua também está contribuindo para reduzir as vulnerabilidades da dívida do setor público.
Por outro lado, ficou acertado com as autoridades mais esforços para mobilizar receitas domésticas, conter riscos fiscais, especialmente os decorrentes do setor de energia, e expandir a rede de proteção social aos egípcios. “Promover o desenvolvimento do setor privado como o principal motor do crescimento futuro é fundamental para garantir uma estabilidade macroeconômica sustentada, criar empregos e desbloquear o potencial econômico do Egito para o benefício de todos os egípcios”, disse Hollar.
Entre os planos apresentados pelas autoridades e que foram elogiados pelo FMI estão a simplificação do sistema tributário, a melhora dos procedimentos alfandegários e a facilitação do comércio. Segundo a nota, a missão do fundo encorajou o governo a acelerar seus planos de desinvestimento e as reformas para reduzir a presença do estado na economia. As discussões continuarão nos próximos dias para finalizar o acordo sobre as políticas e reformas da quarta revisão.
Para lidar com alterações climáticas
Mas Hollar disse que as autoridades egípcias e a equipe do FMI fizeram progressos substanciais já nessas discussões pela quarta revisão do EFF, que incluíram reforma adicionais que poderiam ajudar a reduzir ainda mais os riscos associados às mudanças climáticas em apoio à solicitação do Egito para acessar o Resilience and Sustainability Facility (RSF). Trata-se de outro tipo de financiamento, nesse caso para lidar com desafios de longo prazo, entre eles as alterações climáticas.
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