Brasília – Um dia depois de regressar de visita presidencial a Israel, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo (foto), disse nesta quinta-feira (04) que o presidente Jair Bolsonaro poderá visitar países árabes ainda no primeiro semestre.
“Nos próximos dias vamos definir um programa de visitas do presidente a países árabes. Em países que sejam nossos principais parceiros para começar, depois iremos a outros”, disse Araújo, após participar de audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado. “Temos avanços grandes com Arábia Saudita e Emirados Árabes.”
Segundo o ministro, o governo pretende buscar “parcerias profícuas” nos relacionamentos bilaterais. “Pretendemos estruturar nossa relação com qualquer país em benefício da nossa independência, autonomia, do nosso desenvolvimento, seja com China, Estados Unidos, Israel, países árabes.”
Durante a audiência, Araújo foi perguntado se a diplomacia atual não atrapalha o agronegócio brasileiro. “Essa ideia de que nossa política externa causa prejuízo ao agronegócio tem sido propalada e até agora não se materializou de forma nenhuma. Tenho certeza de que não se materializará.”
Na terça-feira (02), a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, disse que o Brasil é amigo dos países árabes e muçulmanos. Segundo ela, há um esforço para manter este bom relacionamento com aumento da cooperação comercial. Ela acrescentou que na próxima semana pretende se reunir com embaixadores de países árabes e islâmicos na tentativa de desfazer o mal-estar em torno da instalação de um escritório de negócios do Brasil em Jerusalém para promover negócios com Israel, conforme anunciado por Bolsonaro no último domingo.
Para a ministra, a instalação do escritório é um meio-termo, em vez da transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, promessa de Bolsonaro feita durante a campanha eleitoral do ano passado. Segundo Cristina, há um descontentamento dos países árabes em relação a este assunto, mas ela disse que o Ministério da Agricultura tem de continuar trabalhando para manter o diálogo.
Posição árabe
Tanto palestinos como israelenses reivindicam a soberania sobre Jerusalém. A ONU e a maior parte da comunidade internacional apoiam a solução de dois estados para a região (Israel e Palestina), com a definição do status da cidade no âmbito de negociações de paz.
O anúncio da abertura do escritório foi mal recebido pelos palestinos. Os países árabes em sua totalidade apoiam oficialmente a solução de dois estados, nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como capital da Palestina. Com isso, segundo decisão tomada na Cúpula da Liga Árabe de Beirute, em 2002, o bloco todo se compromete a reconhecer o Estado de Israel. Hoje, Jordânia e Egito são os únicos países árabes que mantém relações diplomáticas com Israel.
A última reunião de cúpula da Liga Árabe ocorreu no domingo (31/03), em Túnis, quando Bolsonaro estava em Israel. Os participantes reafirmaram seu compromisso com a independência da Palestina. “Nós reiteramos nossa rejeição a todas as medidas unilaterais para mudar o status legal de Jerusalém”, disse o ministro de Assuntos Estrangeiros da Tunísia, Khemaies Jhinaoui, após a conferência.
*Com informações da redação da ANBA